Família abre caixão em velório e cinco são contaminados por Covid-19 na Bahia

A família de uma vítima de Covid-19 abriu o caixão durante o velório na cidade de Cairu, baixo-sul da Bahia. Cinco dias depois, cinco pessoas que estiveram no velório tiveram diagnóstico positivo para Covid-19.

A morte foi registrada na última quinta-feira (7) por síndrome respiratória aguda grave na Santa Casa de Valença, hospital do município vizinho. Como havia suspeita de Covid-19, o caixão saiu lacrado da unidade hospitalar.

A família, contudo, resolveu abrir o caixão durante o velório, mesmo com recomendações contrárias da secretaria municipal de Saúde de Cairu.1 10

Na segunda-feira (11), saiu o resultado do exame feito pelo Laboratório Central da Bahia que confirmou que a vítima tinha sido contaminada pela Covid-19.

Diante da confirmação, a prefeitura decidiu realizar testes rápidos em todas 12 pessoas que participaram do velório.

Mas encontrou resistência em parte da família, que não aceitava o diagnóstico de Covid-19 da vítima. Até então, a cidade não havia registrado casos de infectados com o novo coronavírus.

Após convencer os familiares, a prefeitura realizou os testes em 12 pessoas e identificou que cinco delas estavam com Covid-19.

Segundo especialistas, não há como ter certeza se a contaminação aconteceu a partir do corpo, se ocorreu entre as pessoas que estavam no velório e tiveram contato entre si ou se estas já estavam contaminadas e assintomáticas antes do velório.

Em nota, a prefeitura de Cairu informou que a família da vítima recebeu “todas as informações para realização do sepultamento seguro, bem como das normas sanitárias indicadas pelos órgãos responsáveis”. Também informou que está monitorando as pessoas próximas à vítima.

“Enfermeiros, técnicos de saúde, psicólogos e assistente social da rede municipal de saúde estão oferecendo todo apoio à família e amigos da vítima. A Secretaria de Saúde lamenta pelo falecimento e deseja conforto aos familiares neste momento difícil”, disse.

A epidemiologista Glória Teixeira, professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, destaca a importância de se seguir todos os protocolos do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde em casos de mortes por suspeita de Covid-19.

“O caixão não deve ser aberto de jeito nenhum. A pessoa quando morre, apesar de não respirar ou tossir, ainda coloca secreções para fora pelo nariz e pela boca. Esses líquidos podem vir a extravasar e contaminar o ambiente”, explica.

A orientação é que os corpos sejam envolvidos em lençóis e sacos resistentes antes de serem colocados no caixão, que devem permanecer lacrados. Os velórios devem ter no máximo dez pessoas, que devem usar máscaras e manter o distanciamento entre si.

A professora explica que ainda pode acontecer de pessoas da família que tenham sido contaminadas e estejam assintomáticas transmitam a doença para outras durante o velório.

Aglomerações em velórios e funerais podem se tornar um foco de disseminação da doença. Um caso semelhante aconteceu em março deste ano na Espanha, quando 60 pessoas tiveram testes positivos para o novo coronavírus após participarem de um funeral.

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