“Profissional nômade” é tendência nas grandes empresas

Um convite irrecusável para trabalhar com o que sempre sonhou, e na empresa que mais admira, faz com que muitos trabalhadores se mudem para outras cidades em busca de novas perspectivas. Para isso, é preciso colocar na balança o desejo de alcançar o plano de carreira desejado, enfrentar a eventual distância física da família e dos amigos e o desapego do comodismo.

Após passar por Salvador (BA) e Fortaleza (CE), em menos de um ano, Rodrigo Bianchini, 23 anos, foi promovido para o cargo de gerente de gente e gestão da Ambev, em Brasília. “Cheguei à cidade em janeiro. No meu primeiro dia, auxiliei equipe a tocar as demandas do Carnaval. Não conhecia ninguém e pude ajudar as pessoas. Ao final do dia, já tinha amigos. As pessoas são acolhedoras. Não tive problemas de adaptação”, conta.

Formado em Engenharia de Produção na Universidade de São Paulo (USP), Rodrigo tinha consciência de que ao ingressar na companhia não moraria fixamente na cidade natal. “Eu precisava ter mobilidade. A distância não é a coisa mais fácil do mundo, mas é preciso saber lidar”, ressalta.

Atualmente responsável pela contratação, treinamento e desenvolvimento de pessoas, o profissional descobriu um campo de carreira paralelo à área de formação. “Entrei na Ambev como trainee, no começo de 2015. Passei por variadas operações e identifiquei-me com a área de gente e gestão. Estou encantado. O legal da empresa é que não importa de onde você é ou para onde você vai, as pessoas são muito parecidas. Tem muita gente jovem e de fora que está sozinha e só com os amigos”, comenta.

Novas condutas
Para analisar o comportamento profissional da Geração Y, conhecida como geração do milênio, e a Geração Z, dos nascidos entre 1995 e 2010, a empresa holandesa de recursos humanos Randstad fez uma pesquisa compara cada uma delas com as gerações mais antigas.

Dados indicam que, quando o assunto é liderança, 84% da geração Z quer assumir cargos de gerenciamento no futuro, enquanto 79% da geração Y tem o mesmo posicionamento. Em relação ao ambiente de trabalho, para eles, a flexibilidade é o aspecto mais importante, resultando em 19,1% das opiniões.

Desafios superados

Com a rotina fora dos padrões, o administrador Fábio Côrte, de 30 anos, superou desafios ao passar por sete cargos. Atualmente, atua no planejamento de projetos logísticos da Ambev, mais conhecido como PMO (Project Management Office).

“Recebi uma proposta para virar gerente de todo o estado do Amazonas. Tudo era novo e tinha uma logística complexa. Para garantir a chegada de um dos produtos, por exemplo, precisava planejar com 40 dias de antecedência”, lembra o profissional.

Em uma das operações, recorda- se da primeira ida ao Porto de Manaus. “Assim que me aproximava, vi vários tipos de barcos, que levavam tudo da cidade para o interior. Várias pessoas entravam e saíam com bodes, galinhas, arroz e papel higiênico. A cultura do povo era diferente do que eu estava acostumado”, confessa.

Grande experiência

Segundo Fábio, por meio do convívio diário com os costumes do povo amazonense, teve a garantia do aprendizado além do âmbito profissional.

“Foi uma experiência sensacional que levo para sempre. Enquanto o brasiliense vive menos o presente, as pessoas de lá se preocupam menos com o futuro e vivem o presente de forma intensa. Aqui, costumamos enaltecer o passado, se martirizar e planejar o tempo inteiro. Precisamos lembrar que o passado é constituído de um monte de presentes”.

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