Protestos após condenação por massacre no Egito deixam mortos

Do G1, em São Paulo

21 pessoas foram condenadas à morte por confronto em estádio em 2012.
Pelo menos 30 pessoas morreram em protestos em Port Said.

Pelo menos 30 pessoas morreram – entre elas dois policiais – e mais de 300 ficaram feridas em protestos registrados neste sábado (26) no Egito após o anúncio da condenação de 21 pessoas à morte pelo massacre ocorrido no estádio de Port Said em fevereiro de 2012, quando 74 pessoas morreram em enfrentamentos entre torcedores de dois clubes de futebol.

Centenas de pessoas se reuniram no exterior da penitenciária de Port Said, e realizaram protestos durante o julgamento e após a sentença. Testemunhas relataram o lançamento de bombas de gás e também terem ouvido disparos de tiros.

Moradores de Port Said protestavam contra a condenação de pessoas na cidade pelo caso. Um grupo tentou invadir a penitenciária para libertar os réus e atirou coqueteis molotov contra os policiais. Carros foram queimados nas ruas da cidade.

Duas delegacias de polícia foram atacadas – em Al-Sharq e Al-Arab. Ambulâncias transferiram os feridos aos hospitais locais da cidade. Todas as lojas fecharam suas portas. Foram feitos apelos nas mesquitas aos fiéis para que fossem doar sangue aos hospitais.

Segundo a France Presse, o exército egípcio decidiu se mobilizar neste sábado em Port Said para reestabelecer a calma diante dos confrontos. As forças armadas querem “reestabelecer a calma e a estabilidade na cidade de Port Said e proteger as instalações públicas”, indicou Ahmed Wasfi, um general do exército citado pela agência de notícias oficial.

Mais mortes em protestos contra o governo
Estes confrontos ocorreram um dia após o segundo aniversário da revolução que depôs o então presidente Hosni Mubarak, cuja celebração também foi marcada pela violência entre manifestantes e policiais, com nove mortos e centenas de feridos.

Após os confrontos que ocorreram na sexta-feira, o exército mobilizou homens e tanques leves para proteger os edifícios da polícia e do governo em Suez.
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Manifestante carrega gás lacrimogêneo durante confrontos com a polícia perto da Praça Tahrir (Foto: AP)

Segundo a Reuters, a passagem de navios e as operações no Canal de Suez não foram afetadas pelos protestos e funcionavam normalmente neste sábado. Testemunhas, entretanto, afirmaram que as operações no porto de Port Said foram afetadas após a condenação.

No total, 73 pessoas foram julgadas pelo envolvimento nas mortes – destas, 21 foram condenadas à morte. A autoridade religiosa egípcia ainda irá revisar a sentença.

A Justiça ordenou que os acusados restantes permaneçam presos até a sentença definitiva. O juiz responsável afirmou que irá anunciar o veredito dos outros 52 acusados no dia 9 de março. Entre as pessoas em julgamento estão nove membros dos serviços de segurança egípcios.

Em 1º de fevereiro de 2012, 74 pessoas morreram e 254 ficaram feridas nos enfrentamentos no estádio de Port Said, que envolveu os torcedores do clube local, Al Masry, e do Al Ahly, do Cairo, o mais popular do país.

2º aniversário da revolução tem protestos contra governo
Em outros locais do país, especialmente nos arredores da praça Tahrir do Cairo e em Alexandria (norte), também ocorreram manifestações e confrontos durante a celebração do segundo aniversário.

Em Ismailiya (nordeste), os manifestantes incendiaram a sede local do Partido da Liberdade e Justiça (PLJ), o grupo político da Irmandade Muçulmana, e invadiram a sede do governo.

A oposição egípcia ameaçou neste sábado boicotar as próximas eleições legislativas se os islamitas no poder não aplicarem uma solução global para a crise que o país sofre, sobretudo a formação de um governo de ‘salvação nacional’.

Em um comunicado, a Frente de Salvação Nacional (FSN), principal coalizão opositora, também atribui ao presidente Mohamed Mursi ‘toda a responsabilidade pela força excessiva empregada pelos serviços de segurança contra os manifestantes’.

Mursi, por sua vez, convocou seus compatriotas a rejeitarem a violência e prometeu que os responsáveis por estes confrontos mortais serão levados à justiça, em mensagens publicadas durante a noite em suas contas do Twitter e Facebook.

A ira dos manifestantes está dirigida contra Mursi e a Irmandade Muçulmana, grupo do qual o presidente faz parte, acusado de ter fracassado na revolução que lhe permitiu chegar ao poder pela primeira vez através de eleições presidenciais democráticas.
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Torcedores do time de futebol Al-Ahly comemoram condenação de 21 pessoas à morte por massacre em estádio de Port Said (Foto: AFP)

Fonte: g1.globo.com

 

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