Líder católico defende casamento de padres
Um dia depois da Igreja Católica alemã anunciar que aceitará o uso de certos tipos de “pílula do dia seguinte” para mulheres estupradas, o cardeal Keith O’Brien, líder da Igreja Católica na Escócia, disse nesta sexta-feira que padres deveriam poder se casar. O’Brien, que participa do conclave que irá escolher o substituto do papa Bento XVI no próximo mês, afirmou, no entanto, que algumas questões, como aborto e eutanásia, são “crenças dogmáticas básicas, de origem divina”, que a Igreja jamais poderá aceitar.
“No meu tempo não havia escolha e você não pensava muito sobre isso, era parte de ser padre”, disse o cardeal, em entrevista à BBC na Escócia. “Eu ficaria muito feliz se outros tivessem a oportunidade de refletir sobre se poderiam ou gostariam de se casar. É um mundo livre, e percebi que muitos padres acham muito difícil lidar com o celibato e sentem necessidade de uma companhia, de uma mulher, com quem possam se casar e criar uma família.”
O cardeal, de 74 anos, abandonou algumas tarefas na Igreja da Escócia no ano passado devido à idade avançada. Ele tem sido um adversário ferrenho dos planos do governo escocês para legalizar o casamento homossexual e foi batizado de “fanático do ano” pelo Stonewall, grupo de defesa dos direitos dos gays. A Igreja Católica criticou o título, afirmando que ele revela “a profundidade de sua intolerância”.
Nesta quinta-feira, num caso que despertou forte debate nos últimos dias, a Igreja Católica da Alemanha decidiu ao fim de uma reunião de quatro dias que os hospitais administrados pela instituição poderão prescrever a pílula do dia seguinte para vítimas de estupro. Após um caso que indignou a opinião pública no país – dois hospitais católicos em Colônia recusaram uma vítima de estupro por não poderem usar o contraceptivo -, a Conferência Episcopal Alemã afirmou que hospitais mantidos pela Igreja irão assegurar o tratamento médico, psicológico e emocional adequado para as vítimas.
Na entrevista À BBC, O’Brien também falou de sua surpresa com a renúncia de Bento XVI – que anunciou que irá deixar o posto em 28 de fevereiro. O cardeal disse acreditar que pode ser a hora de um Pontífice mais jovem e originário do mundo em desenvolvimento, onde a fé católica está prosperando.
“Eu estaria aberto a um Papa de qualquer lugar caso pense que é o homem certo, seja da Europa, da Ásia, da África ou de qualquer outro luga. Após ter um papa da Europa por tanto tempo – centenas de anos – é algo sobre o que os cardeais devem pensar seriamente.” (Com informações de Agências Internacionais)