Exportações de manufaturados à Argentina caem US$ 408 mi

A Argentina foi responsável por 26% da queda das exportações brasileiras de produtos manufaturados no primeiro trimestre. Ao todo, o País exportou US$ 18,2 bilhões no período, US$ 1,56 bilhão a menos que em igual intervalo do ano passado. Dessa diferença, US$ 408 milhões deixaram de ser vendidos para os argentinos.

As exportações de manufaturados para a Argentina nos primeiros três meses de 2014 somaram US$ 3,28 bilhões, ante US$ 3,69 bilhões do ano passado. “Automóveis, autopeças e motores foram responsáveis por 60% da queda”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi. Só em automóveis, os embarques caíram 31,5% no período e em autopeças, 19,8%.

Na tentativa de destravar o comércio de carros e peças, representantes dos governos e das montadoras do Brasil e da Argentina se reúnem na próxima semana, em São Paulo, para acertar um mecanismo de financiamento para as importações da Argentina.

Na sexta-feira, 25, o presidente da Associação Nacional dos fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, se reúne com o ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges, em Brasília, para detalhar a proposta brasileira a ser apresentada na semana que vem.

Na terça-feira, 22, o encontro de representantes dos dois governos em Buenos Aires para avaliar o tema não foi conclusivo. Pelos cálculos da CNI, a Argentina só tem reservas para cobrir pouco mais de quatro meses de suas importações. As reservas do país são as mais baixas desde o início de 2006.

Restrições

Se for levado em conta o período de 2011 a 2013, o Brasil deixou de exportar US$ 2,2 bilhões em diversos produtos aos argentinos, tendo como base o nível de comércio entre os dois países verificado em 2011, ano em que as exportações brasileiras foram recorde.

Abijaodi ressalta que boa parcela da queda é resultado das medidas de restrição do governo argentino ao produto de origem brasileira. A crise argentina também tem sua parcela de responsabilidade, mas, o que se nota, segundo a CNI, é que a Argentina também está substituindo parte dos produtos brasileiros por mercadorias de outras regiões, especialmente da China.

De 2005 até agora, a participação dos produtos do Brasil nas importações da Argentina caiu 11,6 pontos porcentuais (de 36,4% para 24,8%). Já as compras da China foram ampliadas em 13,1 pontos (de 5,3% para 18,4%). “Por coincidência, o aumento da participação chinesa é quase o que desceu a participação brasileira”, destaca Abijaodi.

A CNI reconhece que os produtos brasileiros têm perdido “dinamismo e competitividade global, se concentrando cada vez mais na Argentina, especialmente nos setores de veículos e autopeças”. Por isso, a entidade defende a intensificação de medidas de apoio ao aumento da competitividade e acordos comerciais com outras regiões. (Etadão)

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