Auditoria da Controladoria-Geral revela a farra dos cachês na gestão Agnelo
Resultado de uma auditoria concluída pela Controladoria-Geral do DF aponta uma série de irregularidades em contratos para a realização de eventos musicais. Entre 2011 e 2013, período analisado no relatório, verificou-se uma farra de cachês. Do total de R$ 221 milhões empenhados no pagamento de shows, foram constatados problemas em pelo menos 456 contratos, que totalizam R$ 32,8 milhões. São pagamentos superfaturados, contratação via empresa inexistente e direcionamento de projeto de convocação.
O relatório será encaminhado ao Tribunal de Contas do DF, à Polícia Civil e ao Ministério Público do DF e Territórios para que tomem as devidas providências. Como é um órgão do GDF, a controladoria tem competência apenas para punições na instância administrativa — e assim deve agir nos próximos dias, com abertura de sindicâncias internas e convocação de funcionários públicos para prestar esclarecimentos. O principal financiador dos shows foi a Secretaria de Cultura, que fez 60% das contratações. As administrações regionais responderam por 16% dos negócios e o restante veio pelas demais pastas do governo.
Nomes de expressão nacional são citados no levantamento, que aponta grandes variações nos valores dos cachês. O sambista Arlindo Cruz, por exemplo, foi contratado, em março de 2011, por R$ 84 mil e, em dezembro, por R$ 215 mil. A Day 1 Entertainment, que representa o artista, limitou-se a dizer que não tem conhecimento do caso. Alceu Valença apresentou-se por R$ 40 mil em setembro de 2011, mas, no mês anterior, consta do Portal da Transparência um cachê R$ 90 mil para ele.
Em 2011, o rapper Gog foi chamado pela Secretaria de Cultura para cinco shows. Quatro deles custaram, em média, R$ 15 mil, enquanto a outra apresentação saiu por R$ 100 mil. Em entrevista ao Correio, o cantor diz que nunca recebeu cachê neste valor. Segundo ele, o que pode ter ocorrido é terem incluído na mesma nota pagamentos como estrutura e pessoal. Estranho, segundo a controladoria, também é o valor pago à banda do DF Tropa de Elite, que recebia cerca de R$ 12 mil por espetáculo, e ganhou R$ 300 mil por um show em 9 de setembro de 2011.
Outros grupos nacionais se enquadram no que o órgão de fiscalização verificou como “projeto básico direcionado para contratação de artistista específico”. Isso quer dizer que, como a maioria das escolhas dos cantores era feita via dispensa de licitação, para ser contratado, o músico tinha de atender a diversos critérios, que eram, supostamente, combinados de forma prévia. Nesse caso, há referências a bandas como Fundo de Quintal e Calypso.
(fonte: Correio Braziliense/Matheus Teixeira e Isa Stacciarini) edição de André Silva