CPI da Saúde abre sessão com atraso de uma hora e meia
A CPI da Saúde abriu com cerca de uma hora e meia de atraso a sessão desta quinta-feira (18) para ouvir o ex-secretário de Saúde Fábio Gondim sobre supostas irregularidades na pasta. A sessão havia sido adiada devido a uma reunião convocada pela presidente da Câmara, Celina Leão (PPS), para tratar da crise desencadeada por áudios em que ela aparece negociando suposto desvio de verba de emendas parlamentares.
Nas gravações feitas pela deputada Liliane Roriz (PTB), Celina fala sobre mudança de finalidade de uma emenda parlamentar para beneficiar deputados com dinheiro supostamente desviado da Saúde. Segundo a parlamentar, um “acordo” direcionou emendas parlamentares para uma empresa que prestou serviço de UTI. Pela denúncia, o esquema envolveria repasse de 7% sobre o valor do contrato para os deputados.
Em entrevista à TV Globo, Liliane disse que a negociação tratava de uma “sobra orçamentária” de R$ 30 milhões, destinada originalmente à reforma de escolas e unidades de saúde. No começo de dezembro, os distritais aprovaram uma mudança no texto, direcionando o aporte para pagar dívidas do Palácio do Buriti com prestadoras de serviço em UTIs.
“[O dia da gravação] Foi quando eu comecei a entender as coisas, que já tinha um negócio que estava sendo concluído por um deputado. Que esse deputado estava trazendo esse negócio e queesse negócio seria dividido em seis partes, e que seriam R$ 30 milhões. Eu não sabia de onde vinha, nem tampouco o percentual disso”, diz a distrital.
Os áudios foram gravados em dezembro de 2015, logo após a votação do texto. No diálogo, Celina Leão conversa com Liliane sobre “o negócio do recurso”, e diz que vai incluir a vice-presidente da Casa “no projeto”. Liliane diz que a conversa ocorreu porque ela ficou “muito contrariada, muito chateada” com a alteração no destino das verbas. Liliane renunciou nesta quinta-feira à vice-presidência da Casa.
O deputado Lira (PHS) disse que não tinha ouvido os áudios gravados por Liliane, mas afirmou que a CPI da Saúde não perde credibilidade para apurar possíveis desvios na área. Sobre alguma providência que os deputados poderiam tomar com base nas denúncias e um possível afastamento de Celina, ele deu a mesma resposta: “A Casa vai decidir”.
Mesa nega crimes
Em nota divulgada no site da Casa, a Mesa Diretora da Câmara diz que a emenda responsável por alterar o destino dos R$ 30 milhões foi proposta pela própria Liliane Roriz e que os áudios estão “evidentemente editados, e as conversas estão fora de contexto”. A Mesa diz rejeitar “qualquer acusação da prática de ilícito” e “confiar nas investigações”.
O texto, de dois parágrafos, diz que a Mesa investiga Liliane em três processos, por prática de atos ilícitos e quebra de decoro parlamentar. Segundo a mensagem, a distrital pode perder o mandato em razão dessas suspeitas.