Acusado de matar a esposa a facadas em Ceilândia é posto em liberdade
Durante audiência de custódia, a Justiça do Distrito Federal determinou a liberdade provisória, e sem o pagamento de fiança, a Francisco Pereira dos Santos, acusado de matar a mulher, Glória Maria dos Santos, em Ceilândia, na última quinta-feira (3). Na decisão, o juiz considerou que o homem, de 27 anos, é primário, possui residência fixa, e tem um filho menor que depende dele.
“Ao que parece, o crime foi cometido por motivo passional, situação que deverá ser esclarecida no curso do processo. Não há, portanto, indicativos concretos de que ele pretenda furtar-se à aplicação da lei penal, tampouco de que irá perturbar gravemente a instrução criminal.”, argumentou o magistrado.
Ainda na decisão, o juiz impôs ao acusado, as seguintes medidas: comparecimento a todos os atos do processo; II – proibição de ausentar-se do Distrito Federal por mais de 30 (trinta) dias, a não ser que autorizado pelo Juízo processante; III – proibição de mudança de endereço sem comunicação do Juízo natural; IV – comparecimento mensal ao juízo para justificar suas atividades, sendo que a primeira data deverá ser anterior ao dia 01/09/2017.
Na edição desta segunda-feira (7), o Jornal de Brasília trouxe a situação do filho de Glória e Francisco. Órfão aos sete anos, o pequeno começa a questionar a ausência da mãe, quatro dias após o crime. As sequelas do feminicídio, portanto, vão muito além do óbito da mulher.
Depois da tragédia, o menino foi morar com os avós maternos a poucos metros do endereço onde tudo aconteceu, na QNO 18 de Ceilândia. Na manhã da última quinta-feira, o pai dele o deixou na escola e, ao voltar para casa, matou a companheira, que gritava o nome do agressor durante uma discussão, segundo a vizinhança. Em seguida, o homem se entregou à polícia e foi detido em flagrante.
A prisão do metalúrgico, no entanto, não apaga nem diminui a dor e o trauma dessa criança. Ontem pela manhã, ela foi ao sepultamento da mãe, no Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga, e protagonizou uma cena emocionante. “Ele pediu para ir se despedir da mãe, escolheu uma flor, deu um beijo nela e jogou no caixão”, relatou o eletricista e zelador Paulo Henrique dos Santos, 49 anos, avô da criança.
Agora, além de lidar com a perda, a família ainda encara uma dificuldade financeira. Os avós, a irmã mais velha da vítima, sua filha de um ano e dois meses e o neto dividem uma casa humilde na QNO 17, Conjunto 10, em Ceilândia. Apesar da simplicidade, não falta amor para a novo morador. “Ele me chama de papai porque sempre fomos muito unidos. Não escondi nada do que aconteceu, inclusive, por orientação da psicóloga. Entretanto, não sabe dos detalhes. Ele não pergunta pelo pai, mas sente muita falta da mãe. Explicamos que ela foi para o céu e que não voltará mais”, declarou Paulo.
Na escola, a criança chegou a ouvir sobre o ocorrido. “Uma professora disse para ele que sua mãe estava machucada. Eu não menti e achei melhor confirmar. Falei que ela tinha dormido e não iria mais acordar. Seus olhos se encheram de lágrimas e eu disse que ele podia chorar. Nós dois nos abraçamos e desabamos”, contou.
Hoje, o filho do casal, que estava junto há nove anos, voltará para a escola. “Estamos tentando ocupar a cabeça dele. Após o sepultamento, fomos almoçar fora. Ele passa o dia vendo desenhos na televisão. Também vou pedir para a professora liberá-lo durante uma semana e vou levá-lo para passar uns dias comigo em Goiás”, completou.