Marina Silva diz que não vai se esquivar de reformas caso seja eleita

Em sabatina realizada nesta quarta-feira (6/6) no Correio Braziliense, Marina Silva, pré-candidata à Presidência da República pelo partido Rede Sustentabilidade, garantiu que não se vai se esquivar de temas como as reformas previdenciária e tributária caso seja eleita. “O compromisso é de fazer reformas, dialogando com a sociedade. Não para que se perca direitos, mas para que se possa atualizar questões que estão sendo atualizadas no mundo inteiro”, disse.
Embora não tenha detalhado como seria a proposta ideal, Marina reconheceu o deficit “dramático” nas contas da Previdência e defendeu mudanças nas regras de aposentadoria e pensão. “Estamos tendo já o envelhecimento da população, perdendo o bônus demográfico. Estamos diante de uma situação que logo, logo, daqui a uns 20 ou 25 anos, vamos ter muito mais pessoas aposentadas que pessoas economicamente ativas no mercado de trabalho, e é preciso se atentar a essas questões. Mas isso preciso ser feito num debate e de forma legítima”, disse.
Nesse sentido, Marina fez críticas duras à proposta pelo governo atual, que, para ela, “não tem a menor condição” de ser tocada. “Claro que tem deficit. Mas você não pode fazer um movimento dessa magnitude dialogando com apenas um setor”, disse, em referência ao empresariado. “Tem que ter diálogo com a sociedade”, completou.
Marina criticou, entre outros pontos, o que considerou “oportunismo” do governo do presidente Michel Temer em “não ter mostrado com transparência” números importantes para o debate. Do ponto de vista prático, ressaltou que a proposta “não foi capaz de enfrentar o problema dos privilégios”. “Os grupos que têm poder de pressão não foram atingidos”, lembrou.
Além disso, o governo deu, na opinião dela, “sinalizações que são inaceitáveis”, como a exigência de 49 anos de contribuição para conseguir a aposentadoria integral e de 25 anos para aposentadoria por tempo de serviço.
Reforma tributária
Em várias oportunidade, a pré-candidata defendeu com ênfase uma reforma tributária, sem aumento de carga, mas também sem diminuição de impostos. “Na situação em que nós vivemos, dizer que vai reduzir é demagogia para um setor ou é irresponsabilidade com o conjunto da sociedade brasileira”, afirmou.
As diretrizes de uma boa reforma seriam, segundo ela, simplificar a cobrança, combater a regressividade e ter critério de transparência. “Hoje temos uma centralização muito grande em relação aos tributos. Os estados, que receberam competências de saúde, educação e moradia, uma série de serviços que a Constituição lhes delegou, não contam com os recuros para fazer frente a tudo isso”, argumentou. A discussão para emplacar as propostas será “na base do diálogo”, garantiu a ex-senadora. “Não tem toma lá, dá cá. A gente governa com autoridade política, ética e moral”, reforçou.
Ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva disse não ser favorável à privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, mas ressaltou não ter uma posição dogmática em relação ao assunto. “Acho que é possível e pode ter empresas que podem ser privatizadas, mas depende também de como é o plano dessa privatização.”
Sobre a privatização da Eletrobras, que o governo atual tenta emplacar no Congresso Nacional, a pré-candidata afirmou que é preciso “ter transparência no que está propondo”. “Fazer de forma atabalhoada, só para fechar o rombo da incapacidade, não é o melhor caminho”, disse.
Em relação aos investimentos externos, Marina afirmou que “as pessoas têm desejo de poder investir no Brasil, mas têm, ao mesmo tempo, um grande receio em relação a isso”. Segundo ela, as empresas têm medo de que os nomes sejam associados à Operação Lava Jato, “que é o que aparece, no caso do Brasil, nas páginas da mídia internacional”, pontuou.
Já no cenário interno, ela afirmou que pretende “recuperar a capacidade de investimento do país”, sem deixar de mencionar as limitações trazidas pelo deficit público, “que é enorme”.