“Queremos justiça”, diz família de aluno da UnB morto na Rodoviária
“Naquele momento, a vida dele valeu menos do que o preço de um isqueiro”, revolta-se a atendente Júlia da Conceição, de 20 anos, prima de Milton Junio Rodrigues de Souza, 19. Estudante da Universidade de Brasília (UnB), o jovem foi assassinado na madrugada dessa terça-feira (15/1), após discutir com um morador de rua. “Ele era tranquilo e não mexia com nada de errado. A vida de um inocente foi tirada.”
Assim como Júlia, os demais familiares do rapaz estão abalados e pedem justiça. Junio, como era chamado pela família, era caseiro e evitava confusões, diz a prima. Lembrado pelos amigos como alguém alegre e divertido, cursava o quinto semestre de ciências políticas. Assim como muitos alunos, Milton tentava aproveitar as férias. “Ele saía para se divertir. Era só um jovem”, define Júlia.
Durante as aulas, Junio era um estudante focado. Júlia conta que o rapaz não costumava passear no período letivo. Ele fazia o trajeto de ônibus diariamente até a UnB, onde passava a tarde e até mesmo a noite estudando. Ao chegar em casa, muitas vezes ainda revisava o conteúdo. Sua relação com os pais, que estão na Bahia e ainda não haviam sido comunicados do ocorrido até a noite de terça, foi descrita como pacífica.
A prima lembra ter pedido para Junio ficar em casa na noite de segunda-feira (14/1), mas ele resolveu sair. Ao deixar uma festa no Conic com dois amigos, eles foram abordados por um morador de rua na escada rolante da Rodoviária do Plano Piloto. O homem pegou um isqueiro do trio. “Nós não gostamos, mas não fizemos nada. Depois, ele começou a xingar, mandando a gente sair da escada”, contou Ícaro Carlos de Sousa, 19, amigo da vítima e testemunha do crime.
Ainda segundo o jovem, após a discussão, um amigo do morador de rua chegou e foi para cima de Milton Junio: “Pegou o celular e deu a facada nele”.
Assassino
Investigadores da 5ª Delegacia de Polícia (área central de Brasília) identificaram o autor do latrocínio. O criminoso seria um morador de rua apelidado de Galego. Segundo os policiais, ele costuma perambular e passar as noites consumindo drogas nas redondezas do terminal.
Os investigadores coletaram uma série de imagens registradas pelas câmeras de segurança, mas o crime ocorreu em um ponto cego, onde as circunstâncias do assassinato não foram flagradas pelos equipamentos.
Os policiais da 5ª DP estão nas ruas tentando localizar o suspeito, que não foi mais visto na Rodoviária. Como se trata de um morador de rua, a busca pelos dados de Galego é considerada mais complicada.