José Gomes e Roosevelt Vilela são alvos de operação da PCDF e do MP

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) fazem buscas, na manhã desta quarta-feira (16/12), na casa e empresa do distrital José Gomes (PSB). As operações, reveladas pelo Metrópoles, são denominadas de Alfa 19 e Cidade Livre. Roosevelt Vilela (PSB) também é investigado, assim como o distrital Hermeto (MDB) — esse último, porém, não foi alvo de mandados judiciais.

Além dos endereços ligados a José Gomes, os investigadores cumprem buscas na Administração Regional do Núcleo Bandeirante. As investigações na PCDF são conduzidas pelo Departamento de Combate à Corrupção (Decor), por meio da Divisão de Repressão a Corrupção (Dicor). O promotores do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) também participam.

As ações têm o objetivo de apurar irregularidades nas emissões de autorizações de uso de bens públicos e concessão de licença pela Administração Regional do Núcleo Bandeirante, assim como o emprego de funcionários comissionados da CLDF em empresa particular e em serviços pessoais da autoridade nomeante e ainda o exercício ilegal de gestão empresarial por parlamentar.

As investigações apontaram que, desde 2015, foram emitidas autorizações de uso de bens públicos, sem o respectivo recolhimento de taxa de aluguel de espaço público, como, por exemplo, o Parque do Núcleo Bandeirante, cedido sem processo licitatório e sem contraprestação para o Poder Público, sendo o uso explorado economicamente por particulares.

Prova de lealdade

José Gomes foi condenado pela Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico. A defesa do parlamentar questionou a decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Supremo Tribunal Federal (STF). O político chegou a ser cassado, mas, em outubro deste ano, o ministro Dias Toffoli suspendeu a decisão, e o parlamentar retomou o mandato.

O empresário é acusado por funcionários da empresa da família, a Real JG Serviços Gerais, de obrigá-los a votarem nele nas eleições de 2018.

Conforme mostrou a reportagem, o parlamentar foi denunciado por trabalhadoras demitidas, após se recusarem a fazer campanha para ele. Estão anexados ao processo áudios de um primo de José Gomes, nos quais ele pede que os empregados fossem leais ao empresário e votassem nele. A primeira suplente de Gomes é a ex-deputada distrital Luzia de Paula (PSB).

Em nota, José Gomes informou “que está tranquilo e que não cometeu nenhum ato ilícito. Ele irá cooperar com as investigações para dirimir qualquer dúvida”.

O presidente do PSB-DF, Rodrigo Dias, destacou que o partido “defende que as investigações da PCDF e do MP sejam feitas com rigor e, caso se comprovem o teor das acusações, que os envolvidos sejam punidos exemplarmente.” Rodrigo acrescentou que o PSB “tem como uma de suas principais bandeiras a ética e a moralidade e, exatamente por essa razão, instaurou, inclusive, processo na Comissão de Ética contra o deputado José Gomes, em virtude da sua condenação por ilícitos de natureza eleitoral, estando o julgamento convocado para amanhã (17/12). O desdobramento das investigações será acompanhado atentamente pelo partido para avaliar eventuais medidas disciplinares.”

Roosevelt Vilela, também alvo da investigação, foi indiciado pela Polícia Federal por crime eleitoral em inquérito que apurou suposto uso de cargos na Administração Regional do Núcleo Bandeirante, Candangolândia e Park Way para captar votos em 2018. As apurações apontaram que o deputado, enquanto administrador das regiões, usou a máquina publica para se beneficiar. Ele teria feito nomeações em troca de votos.

Hermeto havia sido denunciado ao MPDFT por supostas irregularidades no gabinete do parlamentar, entre elas a prática de “rachadinha”. O recolhimento seria feito após o dia 20 de cada mês, variando de acordo com os salários das pessoas.

O parlamentar negou ter sido alvo da investigação. “Isso foi na gestão do Roosevelt (Vilela). Eu, não. Que eu saiba, não”, disse Hermeto. Segundo o vice-líder do governo na CLDF, os fatos investigados diriam respeito à gestão de Vilela quando administrador do Núcleo Bandeirante. “Eu não sei. Não vieram na minha casa (na operação), não foram em gabinete, não tem nenhuma citação minha”, argumentou Hermeto.

“Agora, pode estar sendo investigado eu pedir emprego de copeira para José Gomes, como todo deputado faz. Pedir limpeza para ajudar as pessoas.” Contudo, Hermeto declarou que não pediu nada em troca e que não tem relação alguma com o parlamentar do PSB. “Não. O que eu pedi para ele qualquer um pede. Uma vaga de limpeza para uma pessoa que está precisando. Isso aí é normal. Ele é dono de uma empresa. Chega uma pessoa no teu gabinete, passando fome, pedindo ajuda. Eu falei: ‘Zé tem uma vaga de limpeza nas escolas’. Isso aí é normal, qualquer um faz. Isso eu não nego, não. Nada em troca de nada”, afirmou.

Mesa Diretora

José Gomes foi escolhido, nessa terça-feira (15/12), para a Presidência da Comissão de Fiscalização Governança Transparência e Controle da CLDF. Além disso, ele será o vice de Agaciel Maia (PL) na Comissão de Economia, Orçamento e Finanças. Hermeto ficou com a função de corregedor da Casa. Roosevelt Vilela (PSB) assumiu a Comissão de Segurança.

fonte:

metrópoles