Radialista que chamou colega de “babuína” é indiciado por racismo
Segundo a PCGO, o comunicador de Formosa (GO), no Entorno do DF, também responderá na Justiça por difamação e cyberstalking
A Polícia Civil de Goiás (PCGO) indiciou o radialista Breno Marcelino Ferreira (foto em destaque), conhecido como Breno Berlutinny, pela suposta prática dos crimes de racismo, difamação e cyberstalking contra uma jornalista. Comunicador de uma rádio de Formosa (GO), ele xingou a colega de profissão Clícia Balbino em grupos de WhatsApp e proferiu ofensas raciais contra ela.
Por meio de áudios enviados pelo WhatsApp em 18 de novembro último, o acusado a chamou diversas vezes de “Fiona do rádio”, “babuína”, “gorda” e “vagabunda”. O Metrópoles revelou o caso oito dias depois, e a 11ª Delegacia Regional de Polícia de Formosa, responsável pelas investigações, concluiu o inquérito nessa quarta-feira (5/12).
O acusado ainda chamou a mãe da vítima de “prostituta”, “surubenta” e “mercenária”. Em seguida, ofendeu a jornalista com termos como “lixo”, “vendida” e “maconheira”. O radialista também se referiu à colega como “babuína”, com intenção de compará-la a um macaco, segundo os investigadores.
Além de fazer as ofensas, Breno Berlutinny mandava imagens de macaco em grupos de mídias sociais nos quais os dois estavam, para provocar a vítima. Assim, expôs a vida da colega de trabalho a centenas de pessoas. À polícia, a jornalista relatou que começou a apresentar problemas de saúde mental, como crises de pânico, após o ocorrido.
Agora, o inquérito será remetido ao Ministério Público de Goiás (MPGO), que poderá apresentar denúncia contra o radialista à Justiça do estado. Caso a o Judiciário aceite as acusações, Berlutinny se tornará réu.
Ouça os áudios das mensagens:
Entre os diversos xingamentos, Breno atacou a vítima com uso do termo “babuína”, em um trocadilho com o sobrenome dela. “E pode chorar, ‘Clícia Babuína’. Chora, ‘Clícia Babuína’”, gritou o radialista em uma das mensagens de voz obtidas pelo Metrópoles.
Clícia registrou boletim de ocorrência no mesmo dia em que foi vítima das ofensas. A repórter também detalhou outras frases ditas por Breno, como: “Você não tem coragem de levantar esse seu rabo gordo para fazer as coisas” e “Se manca, clandestina”. No boletim de ocorrência, prints de tela anexados comprovaram a violência.
Veja:
O contexto dessas ofensas envolve o atendimento a um homem que estava internado em um hospital. Esse paciente precisava ser transferido a uma unidade de saúde em Goiânia (GO) para passar por um cateterismo, mas a unidade de saúde teria se negado a transportá-lo.
Em relação a isso, Clícia e Breno teriam divergido ao repassar informações. Enquanto ele afirmava que o hospital se negava a transferir o paciente mesmo com ambulâncias no pátio, ela teria apurado que a responsabilidade pelo transporte seria do Estado.
“O âncora do programa me mandou ir ao hospital checar a situação das ambulâncias, se tinha ou não. Lá, verifiquei que havia veículos e, como o hospital era estadual, não cabia ao Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] fazer o transporte. A partir disso, ele [o Breno] começou a me xingar”, contou Clícia.
Suposto pretexto
A mulher alega, no entanto, que o episódio teria sido apenas um pretexto. Ela conta que vem sendo perseguida há cerca de três meses, graças a uma desavença que Breno tem com a mãe dela, uma ex-policial militar de Formosa.
“Ele e a minha mãe se conhecem há algum tempo e têm uma desavença, mas são questões deles dois. Ele tem esse problema com minha mãe e me ataca usando isso”, afirma a repórter.
Emocionada, Clícia demonstra revolta e tristeza com a situação. “Não sei mais que atitude eu tenho que tomar. Estou em tempos de dar um ‘treco’, passar mal. Só em falar no nome dele eu fico nervosa”, afirma a repórter.
“Há dias em que eu não consigo trabalhar, fico muito para baixo, depressiva. Ser chamada de macaca, de vagabunda, de gorda, para todo mundo ver, é muito triste, sabe?! Eu não estou aguentando mais”, diz, aos prantos.
Clícia diz que relatou a situação à direção da rádio. “Já levei o caso para o dono e para a diretoria. Eles mandam eu sair dos grupos e ficar calada”, acusa.
O Metrópoles tentou contato com o radialista. Não houve resposta até a última atualização da reportagem. O espaço segue aberto.
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