Grupo de 55 países concorda em novas sanções econômicas à Síria
Os Estados Unidos, a Arábia Saudita e dezenas de outros países concordaram nesta quarta-feira (6) que novas sanções econômicas são necessárias para impedir que o presidente Bashar al-Assad reprima a povo sírio e fizeram um apelo às nações para que adotem um embargo de armas, a proibição de viagens e outras duras sanções financeiras contra seu governo.
Mais de 55 países, na sua maioria ocidentais e árabes, que se opõem ao regime de Assad, disseram que no mínimo um congelamento de bens de altos funcionários do governo sírio, bem como a restrição de negócios com o banco central e o maior banco comercial da Síria, são necessários para isolar o regime do sistema financeiro global.
O grupo também manifestou o apoio a tomar medidas em direção à resolução do “Capítulo 7” do Conselho de Segurança das Nações – uma medida que poderia autorizar o uso da força.
Plano de paz
Um plano de paz mediado pelo enviado internacional Kofi Annan não teve sucesso até agora, com o governo de Assad se recusando a honrar um cessar-fogo abrangente. Tropas leais a Assad são acusadas pelos adversários de um novo massacre horas antes do Conselho de Segurança das Nações Unidas reunir-se para analisar a crise. O número de mortos é estimado entre 78 e 100 (leia mais abaixo).
“Sem o cumprimento significativo do regime com o plano de [Kofi] Annan: esta é a direção em que estamos seguindo em breve”, disse Timothy Geithner, secretário do Tesouro do EUA, aos delegados no início da reunião.
Mais tarde, um oficial do Tesouro dos EUA disse que há componentes principais para a estratégia, que inclui enfraquecer os apoiadores de Assad, colocar pressão sobre a comunidade de negócios síria e privar o governo de Assad de recursos necessários para sobreviver.
O funcionário não tinha uma estimativa para o nível de reservas do governo ou por quanto tempo ele conseguiria sobreviver. Mas o servidor disse que é claro que o governo sírio está sob pressão financeira e apontou para a significativa deterioração na moeda da Síria e do embargo petrolífero europeu, que representa 90% do mercado de exportação do país.
“É claro que eles estão esgotando suas reservas”, disse o funcionário do Tesouro.
Sanções
Os Estados Unidos bloquearam o banco central da Síria e altos funcionários do governo sírio dos mercados norte-americanos. Qatar, que co-presidiu o grupo de trabalho com a Turquia, impôs sanções semelhantes a instituições financeiras da Síria. A Turquia tem expandido sua lista negra de funcionários do governo e a União Europeia proibiu as importações de petróleo da Síria e impôs sanções à principal operadora móvel da Síria.
O grupo de trabalho incluiu também representantes da União Europeia, Coreia do Sul e Japão. Outros ministros, incluindo a Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, se encontram em Istambul para uma conferência sobre a Síria no grupo chamado “Amigos da Síria”.
Ataque em Hama
As forças de segurança do regime da Síriax mataram nesta quarta-feira (6) pelo menos mais 100 pessoas, entre elas crianças e mulheres, na região de Hama, no centro do país em crise, segundo o Conselho Nacional Sírio, principal força da oposição.
“Temos uma centena de mortos nos povoados de Al Kubeir e Maarzaf, entre eles umas 20 mulheres e 20 crianças”, disse Mohamed Sermini, porta-voz do conselho, que acusou as forças e milícias do regime do presidente Bashar al Assad pelo massacre.
Militantes afirmaram que as vítimas foram mortas com armas de fogo e armas brancas, e que casas foram queimadas.
Sermini pediu que os observadores da ONU, que estão no país para tentar impor uma trégua teoricamente em vigor desde 12 de abril, se dirijam ao local.
Consultado pela France Presse, o diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman, também falou de um “massacre”. Ele citou 87 mortos, mas ressaltou que o registro não era definitivo. Ele confirmou a morte de mulheres e crianças.Segundo ele, o massacre ocorreu após bombardeios contra as duas aldeias onde milicianos penetraram em seguida, matando os moradores a tiros e com armas brancas.
Outro massacre
As mortes denunciadas pela oposição ocorrem dias após o massacre de 108 civis, entre eles 50 crianças, em Hula, em 25 de maio, que provocou um aumento do tom da comunidade internacional na condenação ao contestado regime de Assad.
Uma autoridade da ONU tinha afirmado que havia “fortes suspeitas” sobre o envolvimento dos “shabbiha”, milicianos pró-regime, nesta matança, que desencadeou reações de condenação de diversos países.
O presidente Assad enfrenta desde março do ano passado uma onda de protestos que se transformou em uma revolta, reprimida duramente pelas forças da ordem.
A situação humanitária do país é grave. A oposição fala em mais de 13 mil mortos, em sua maioria civis.
O governo argumenta que está defendendo o país de “terroristas estrangeiros” que tentam desestabilizar o regime.
O presidente Assad negou no domingo qualquer ligação do governo com o massacre de Hula.