Cemi Gama se destaca por oferecer ensino integral de ponta

Lafaiete garante a qualidade do Cemi Gama

Quem passa pelo Setor Oeste do Gama e enxerga os muros do Centro de Ensino Médio Integrado (Cemi) pode não dar muita coisa pelo colégio. No entanto, por dentro, são claros os indícios de educação de ponta. Passando do portão, logo na entrada, é possível ver fotos de dezenas de alunos que passaram na Universidade de Brasília (UnB) e em outras instituições federais em 2018. No pátio, um mural exibe uma reportagem do Correio Braziliense que conta a história de um trio de estudantes que inventou um refrigerador instantâneo ou micro-ondas ao contrário.

No mesmo espaço, estão pintados nas paredes os nomes de todos os projetos do colégio. Vários deles incentivam a pesquisa. Ali, a educação é integral, e os estudantes saem com diploma de curso técnico em informática. Hoje em dia, a procura por vagas no colégio é tamanha que a entrada é garantida por meio de uma prova de seleção. “A gente pensou em fazer por sorteio, mas não acho que daria certo. Aqui é muito puxado. Os alunos chegam a ter 23 disciplinas. No horário de almoço, fazem oficinas, como robótica e pilates”, observa o diretor do Cemi Gama, Lafaiete Formiga.

Questionado sobre se o método de entrada impede o ingresso de alunos com mais dificuldade socioeconômica, Lafaiate responde que não e comenta que o corpo estudantil é bastante heterogêneo. “Tem tanto alunos que vieram de escola particular quanto de escola pública, que preparam os alunos para entrarem aqui. Inclusive, há alunos que não tem nem o que comer em casa. O fato de ser um colégio integral ajuda porque eles comem aqui”, pondera.

No processo seletivo para entrar no Cemi Gama, 20% das vagas são reservadas a pessoas com deficiência. Lafaiete Formiga é professor de matemática, começou a trabalhar ali em 2011 e tomou a frente da escola em 2017. Ele atribuiu o sucesso da unidade a ingredientes como projetos e o engajamento da equipe de professores e funcionários. “Aqui a gente se torna uma família. Eu amo estar aqui, os professores e os alunos também”, afirma.

“Nunca ninguém faz nada sozinho. Todo mundo, quando vem trabalhar aqui, já sabe que a gente trabalha com projetos, saídas de campo, iniciação científica, montagem de empresa… Os nossos alunos expõem trabalhos fora do DF e até fora do país”, comemora. Ele sente falta, porém, de mais apoio do governo local nesse sentido. “No caso dos alunos de Pernambuco, por exemplo, quando participam de feiras fora de lá, o governo banca a ida de todo mundo, alunos e professores. Os de Brasília, não. Ficamos lutando para ajudar os meninos a irem”, queixa-se.

Apesar de ter tido bons resultados no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o Cemi Gama não figurou tão bem no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) do ano passado, como a maior parte dos colégios do DF. Lafaiete admite que faltou estímulo e conscientização sobre a importância da prova. “Na segunda-feira, os meninos só estudam um turno, mas, no dia do Saeb, teriam de ficar nos dois. Metade dos alunos ficou brava porque eu não deixei ir embora e nem abriu a prova”, lamenta. “Este ano, estamos conscientizando os estudantes e os pais.”

15/09/2017. Credito: Marcelo Ferreira/CB/D.A

Lafaiete garante a qualidade do Cemi Gama. “Eu digo que aqui é a melhor escola pública de Brasília. E eu quero que se torne a melhor escola pública do Brasil. Por isso, corro atrás.” A confiança de Lafaiete no colégio é tanta que ele colocou o filho Pedro Vitor Bulhões Formiga, 16 anos, para estudar ali. “Desde pequeno, eu gostava dessa escola, então foi natural. Mas eu quis vir não só porque meu pai trabalha aqui, mas porque o colégio tem muitos projetos e coloca muita gente nas faculdades”, elenca Pedro Vitor, que está no 2º ano do ensino médio.

Desde o ano passado, o adolescente tem aproveitado para participar de iniciação científica. “Meu projeto é sobre metodologias de ensino com TICs (tecnologias da informação e comunicação) no ensino médio, com a ideia de implementar aulas com realidade virtual”, comenta. Com seu grupo, Pedro Vitor participou de eventos, como a Feira Brasiliense de Tecnologia e Ciência (Febratec), e até ganhou prêmios. “Mas o que eu mais gosto da escola é de estar com meus amigos e com os professores que, pela convivência, se tornam nossos amigos também”, aponta ele, que pensa em cursar geologia ou geografia na UnB.

Estela Rodrigues, 15 anos, é aluna do 1º ano, e ainda está se adaptando a uma rotina corrida. “É meio difícil e pesado às vezes, pelo fato de ser integral: temos praticamente o dobro de matérias que alunos de uma escola regular”, afirma. “Mas a escola é muito legal, tem projetos bem interessantes… É muito bom que a gente já vai sair daqui com curso técnico em informática”, conta a jovem, que deseja cursar engenharia civil quando sair do colégio. A moradora do Gama esclarece que ela e os pais escolheram o Cemi Gama pelo fato de os alunos dali terem alta taxa de aprovação no Programa de Avaliação Seriada (PAS/UnB).

A colega Luíza Oliveira, 15 anos, se decidiu por fazer o ensino médio ali pelo ensino técnico. A família optou por tirá-la de uma instituição particular, o Colégio Adventista, para que Luíza ingressasse na rede pública. “Estudar aqui e fazer um curso técnico é bom porque, no nosso futuro, já vai ser algo a mais para conseguirmos um emprego”, diz. A jovem gosta muito de sites e informática e deseja se formar em engenharia mecatrônica na UnB. A preparação para o PAS e o Enem, admite Luíza, causa ansiedade. “Mas, aqui no Cemi, a gente tem um cursinho, que nos prepara e nos ajuda a desestressar”, elogia.

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