Para Irã, nova negociação nuclear em Moscou deve fracassar
O Irã desconfia da vontade das grandes potências de obter progressos na negociação nuclear do chamado grupo 5+1 e acredita que a próxima rodada de diálogo prevista para ser realizada em Moscou tem mais chances de fracassar.
Foi o que deram a entender nesta quarta-feira o negociador-chefe iraniano, Saeed Jalili, e o secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Ali Bagheri, ao divulgar o conteúdo de cartas enviadas a Helga Schmid, adjunta da alta representante de Política Externa e Segurança da União Europeia (UE), Catherine Ashton.
Bagheri se queixou que o escritório da porta-voz do grupo 5+1 – formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) mais a Alemanha – não respondeu ao pedido do Irã de realizar a reunião preparatória estipulada para o encontro que será realizado em Moscou nos dias 18 e 19 de junho.
“Em sua resposta, Schmid não faz menção à reunião preliminar em nível de adjuntos que deve ser realizada antes do encontro em Moscou, o que contradiz o acordo obtido pelas duas partes durante a negociação em Bagdá (nos dias 23 e 24 de maio)”, declarou Bagheri, citado pela televisão oficial iraniano.
“O êxito das negociações em Moscou depende das regras necessárias e da preparação da agenda completa que decidirmos”, acrescentou o negociador, igualmente citado pela agência de notícias estudantil “Isna”.
Na mesma linha se expressou Jalili, para quem “a demora da outra parte projeta incertezas e dúvidas sobre sua vontade de conseguir o êxito do diálogo em Moscou”.
Segundo a “Isna”, o negociador-chefe enviou dias atrás uma carta a Ashton na qual lhe garantia que “a República Islâmica do Irã está disposta a cooperar para levar adiante o diálogo com uma lógica clara e iniciativas determinadas”. Em sua opinião, reunir-se só para falar sem chegar a acordos “é inútil”.
Várias potências internacionais, lideradas pelos Estados Unidos, acusam o Irã de usar seu programa nuclear civil para ocultar um projeto nuclear de natureza clandestina com ambições bélicas cujo objetivo seria a aquisição de armas atômicas, alegação negada por Teerã.