Feliciano via a Bolívia para salvar corintianos e fugir da crise
O deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, fará viagem oficial, como representante do colegiado, para a Bolívia para tratar da situação de torcedores corintianos presos naquele país. De acordo com a chefia de gabinete do deputado paulista, a viagem deve ocorrer na próxima semana.
Doze torcedores do Corinthians foram presos em fevereiro após a morte de um menino de 14 anos, durante jogo da Libertadores entre o clube paulista e o boliviano San José. O adolescente foi atingido por um sinalizador lançado da arquibancada da torcida corintiana.
O anúncio da missão oficial à Bolívia ocorre em meio à pressão do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do próprio PSC para que Feliciano renuncie à presidência da Comissão de Direitos Humanos. A preparação da viagem indica que o parlamentar não tem intenção de deixar o comando do colegiado apesar de ter perdido o apoio do partido. Na última quinta, Eduardo Alves afirmou esperar uma decisão do PSC sobre a renúncia de Feliciano até esta terça.
Pastor da igreja Assembleia de Deus, Feliciano é alvo de dois processos no Supremo Tribunal Federal (STF): um inquérito que o acusa de homofobia e uma ação penal na qual é denunciado por estelionato. A defesa do parlamentar nega as duas acusações. O pastor causou polemica em 2011 quando fez declarações em sua conta noTwitter sobre africanos e homossexuais. “Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, Aids, fome… Etc”, escreveu o deputado na ocasião.
Ainda segundo o gabinete de Feliciano, o deputado se reuniu na semana passada com o embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiano Talavera, para tratar da prisão dos corintianos e da intenção de viajar ao país. O deputado do PSC deve convidar outros membros da Comissão de Direitos Humanos para acompanhá-lo na viagem.
A assessoria do PSC informou que o partido vai se reunir nesta terça (26) para voltar a discutir a situação de Feliciano à frente da Comissão de Direitos Humanos. Eles também vão avaliar entrevista concedida pelo deputado à “Rede TV”, na qual ele afirma que só sairá da presidência do colegiado “se morrer”.
A assessoria de Feliciano informou que a entrevista à “Rede TV” foi gravada na última terça-feira (19), antes de a divulgação do vídeo provocar polêmica. A assessoria disse ainda que a entrevista foi “em tom de brincadeira”. Mas ressaltou que a posição de Feliciano continua a ser de não renunciar.
O partido ficou irritado com a divulgação na semana passada de um vídeo com críticas aos opositores de Feliciano e no qual o deputado aparece chorando. A orientação do PSC é o parlamentar seja discreto para não agravar a crise.