Presidente da Colômbia mobiliza militares frente a protestos

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Soldados colombianos patrulham ruas de Bogotá nesta sexta-feira (30) (Foto: AFP)

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ordenou uma militarização da Bogotá e a mobilização de 50 mil soldados nas estradas do país para garantir a mobilidade, afetada por protestos de camponeses que acontecem há 12 dias e que na véspera deixaram dois mortos na capital, anunciou a Presidência.

“Ontem mesmo (quinta-feira), à noite, ordenei a militarização de Bogotá, e farei isso a partir de hoje em qualquer município ou zona onde seja necessária a presença de nossos soldados (…) e ordenei esta madrugada que sejam mobilizados 50 mil homens de nossas forças militares nas estradas do país para ajudar na mobilidade”, afirmou Santos em um discurso por rádio e televisão transmitidos nesta sexta-feira.

O presidente informou que duas pessoas morreram nos distúrbios de quinta-feira.

A militarização de Bogotá significa que os soldados realizarão trabalhos de patrulhamento em coordenação com a polícia, explicou um porta-voz da prefeitura.

Apesar de na véspera o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, ter responsabilizado as Farc pelos distúrbios registrados em Bogotá, Santos evitou nesta sexta-feira mencionar a guerrilha, com a qual negocia um processo de paz.

Em compensação, o presidente acusou o movimento político Marcha Patriótica (esquerda radical).

“O movimento Marcha Patriótica quer nos levar a uma situação sem saída para nos impor sua própria agenda. Não se interessam pelos camponeses”, declarou.

“É inaceitável que as ações de alguns afetem de maneira grave a vida da maioria”, disse Santos, ao oferecer recompensas por informações que leve a prisão dos responsáveis pelos distúrbios.

Ele também pediu aos negociadores do governo que tratam com os camponeses na cidade andina de Tunja (150 km de Bogotá) que voltem para a capital e deixem as propostas oficiais sobre a mesa.

“Mantemos toda a disposição para o diálogo com os verdadeiros camponeses”, enfatizou.

Depois desse anúncio, os líderes camponeses da Mesa de Interlocução Agrária (MIA), que organiza os protestos, se reuniram e chegaram à decisão de determinar o levantamento dos bloqueios das estradas.

Aparentemente, eles chegaram a acordos parciais com o governo, de acordo com um comunicado emitido na região de Boyacá (centro), perto de Bogotá, onde os protestos foram mais violentos.

Os camponeses não indicaram que acordos foram alcançados, mas informaram que o diálogo será retomado na manhã deste sábado.

Também participou da reunião o ministro do Interior, Fernando Carrillo, que elogiou a decisão.

Os camponeses protestavam desde 19 de agosto com bloqueios nas principais estradas para exigir ajudas econômicas para a atividade agrícola, que alegam estar prejudicada com a entrada em vigor de vários tratados de livre comércio, em particular com os Estados Unidos.

Milhares de pessoas protestaram na quinta-feira nas principais cidades da Colômbia para apoiar os camponeses, em passeatas que terminaram com cenas de violência em Bogotá e Medellín.

Em Bogotá, trabalhadores, estudantes e profissionais da saúde ocuparam a Praça Bolívar, no centro da capital, onde a polícia de choque reprimiu os manifestantes.

Segundo o ministro da Defesa, 37 policiais ficaram feridos nos protestos, em todo o país, incluindo três agentes baleados em Soacha, subúrbio de Bogotá.

“Está claro que aqui não há inocentes: são vândalos, criminosos a serviço de interesses obscuros, certamente a serviço dos terroristas das Farc”, disse Pinzón em referência à guerrilha colombiana.

O protesto, que começou pacífico na capital, terminou em confusão no final da tarde, quando manifestantes e policiais se enfrentaram, o que destruiu as vidraças de várias agências bancárias e lojas.

Grupos de encapuzados atacaram os policiais com vidros quebrados, paus e pedras, constatou a AFP no local. A polícia reagiu com bombas de gás lacrimogêneo.

O ministro Carrillo chegou a atribuir os incidentes a ‘vândalos que não são camponeses”.

Em Medellín, segunda maior cidade da Colômbia, o protesto terminou em confronto entre policiais e manifestantes, e dois jornalistas foram agredidos pela polícia, constatou o fotógrafo da AFP.

No total, ocorreram 48 protestos em todo o país.

Jorge Morales, um estudante de 22 anos, declarou à AFP em Bogotá que é preciso apoiar os camponeses. Os TLCs (tratados de livre comércio) nos deixam mal. Os camponeses preferem jogar fora suas colheitas e derramar seu leite porque tudo está entrando do estrangeiro com preços muito baixos, não vale a pena vender’,

‘Sou neta de camponeses e não é justo que este país, capaz de produzir comida para se sustentar, traga tudo de fora porque é mais barato’, lamentou outra estudante.

Os camponeses, que bloqueiam as principais estradas do país, iniciaram o protesto em 19 de agosto para exigir um piso para os preços de alguns produtos agrícolas e a redução dos impostos sobre fertilizantes, pesticidas e sementes.

Nesta quinta-feira, os camponeses realizavam 72 bloqueios em 37 trechos de estradas de oito regiões da Colômbia, segundo o ministério do Interior.

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