Tailândia se prepara para eleições divida e sob forte tensão
Milhares de policiais tentarão garantir neste domingo a realização de eleições legislativas na Tailândia, que os opositores querem boicotar atacando os centros de votação, para impedir uma vitória do partido no poder.
Os especialistas já advertiram que estas eleições têm poucas chances de colocar fim às diversas crises desta frágil democracia do sudeste asiático ou de apaziguar os inimigos da primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, e de seu irmão Thaksin, ex-chefe de governo deposto por um golpe de Estado em 2006.
Os opositores, nas ruas há três meses, temem que as eleições prolonguem a permanência do poder político da família Shinawatra, acusada de ter instaurado um sistema de corrupção generalizado em seu próprio benefício.
Uma nova vitória do partido Puea Thai parece certa, já que a principal organização opositora, o Partido Democrata, que não vence eleições legislativas há mais de 20 anos, decidiu boicotar as eleições.
“A Tailândia parece estar em um permanente estado de conflito e não vejo nenhum fim no horizonte”, comentou Sunai Phasuk, da ONG Human Rights Watch.
Os manifestantes, que ocupam os principais pontos da capital, querem substituir o governo por um conselho do povo não eleito.
Também acusam Yingluck de ser um fantoche de seu irmão, exilado para escapar de uma pena de prisão por fraude. Um projeto de lei de anistia que teria permitido seu retorno desencadeou a crise, no fim de outubro.
Na ausência dos democratas, 53 partidos se enfrentarão no domingo depois de uma campanha quase inexistente em meio a uma crise que deixou ao menos dez mortos.
Apesar do estado de urgência em vigor em Bangcoc, o líder dos manifestantes, Suthep Thaugsuban, pediu que seus partidários façam todo o possível para bloquear as eleições, como ocorreu no domingo passado durante a votação antecipada.
Cerca de 129.000 policiais serão mobilizados em todo o país para proteger as urnas e os 93.500 centros de votação, com a esperança de impedir que se reproduza a situação que naquele dia impediu centenas de milhares de eleitores de votar.
Incerteza política sem precedentes
Ainda que os eleitores consigam depositar sua cédula de votação na urna, é possível que não conheçam os resultados por vários meses.
De qualquer forma, diante da carência de candidatos em várias circunscrições onde os opositores impediram o registro de candidaturas, o Parlamento não terá deputados suficientes para se reunir.
Portanto, Yingluck Shinawatra deverá continuar limitando-se à gestão dos assuntos correntes, até que estes assentos sejam ocupados com eleições parciais.
Os analistas referem-se à crise como um confronto entre as elites monárquicas, apoiadas pelo poder Judicial e pelo exército, e Thaksin Shinawatra, apoiado pelas massas rurais e urbanas pobres do norte e do nordeste.
Esta nova crise ocorre num momento em que muitos tailandeses estão preocupados com a saúde do rei Bhumibol Adulyadej, de 86 anos, que ocupa o trono há mais de seis décadas.
E a identidade da pessoa que dirigirá o governo para garantir a transição depois deste monarca é uma questão crucial.
Os partidos favoráveis a Thaksin venceram todas as eleições desde 2001.
No entanto, este magnata e seus aliados, atacados nas grandes manifestações dos “camisas amarelas” monarquistas, foram expulsos do poder pelo exército em 2006, e pela justiça em 2008.
Em caso de um novo golpe de Estado, militar ou judicial, os “camisas vermelhas” leais a Thaksin prometeram sair às ruas, o que aumenta o temor de novos atos de violência. (Por: AFP)