China segue a via do reformista Hu Yaobang, afirma jornal oficial

A China segue atualmente a via do reformista Hu Yaobang, afirma o jornal oficial Global Times, ao tentar recuperar o legado do ex-secretário-geral do Partido Comunista, cuja morte desencadeou a Primavera de Pequim em 1989.

“Hu realizou uma contribuição histórica para a construção do socialismo com as cores da China”, afirma o jornal, em um editorial publicado um dia depois do aniversário da morte do reformista e quando se aproxima o 25º aniversário dos acontecimentos que sacudiram o regime.

“Na realidade, o governo atual aplica a via das reformas defendida por Hu”, completa o Global Times.

Hu foi destituído por Deng Xiaoping, o pai das reformas, em janeiro de 1987, depois de defender a moderação ante uma onda de manifestações estudantis por democracia.

Sua morte, em 15 de abril de 1989 aos 73 anos, desencadeou novas manifestações de estudantes em homenagem a sua memória e originou o gigantesco movimento popular da “Primavera de Pequim”, reprimida violentamente pelo exército na madrugada de 3 para 4 de junho.

Mas o jornal considera que os internautas que recordam o aniversário e pedem reformas democráticas e a reestruturação do poder na China “insultam a vida gloriosa de Hu”.

“Os que se opõem à direção do Partido e pedem que a China copie o modelo político ocidental deveriam não associar este modelo com o nome de Hu”, afirma o editorial, publicado nas edições em chinês e inglês.

O ex-presidente chinês Hu Jintao – um ex-protegido de Hu Yaobang – visitou na semana passada a cidade natal do ex-mentor, Liuyang (Hunan, centro), “para aprender sobre seu estilo de trabalho de ‘homem do povo'”, informa o Global Times.

Hu Yaobang, que continuou como integrante do Bureau Político do Partido Comunista após a destituição, continua sendo considerado o mais aplicado dos reformistas que chegaram ao poder com Deng Xiaoping após a morte de Mao Tse-tung (1976), fundador do regime comunista em 1949.

Mas seu legado ainda é fonte de divisões dentro do regime.

A repressão da “Primavera de Pequim” de 1989 enterrou durante muito tempo as esperanças de reforma democrática na China.

Nos últimos anos, Hu Yaobang foi objeto de homenagens discretas, a mais importante delas em 2005, com a participação do primeiro-ministro da época, Wen Jiabao. (AFP)

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