Por votos em SP, Dilma vai usar crise hídrica contra Aécio

No primeiro turno, o candidato do PT ao governo, Alexandre Padilha, utilizou-se do expediente sem sucesso – e o partido amargou derrota histórica no Estado

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, durante pronunciamento em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, durante pronunciamento em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)

Na tentativa de desgastar o PSDB no Estado em que amargou uma derrota histórica no primeiro turno, o PT decidiu colocar a crise hídrica em São Paulo no centro da disputa eleitoral. O partido da presidente-candidata Dilma Rousseff planeja usar os últimos dias de campanha para alardear a questão da água – e tentar transformá-la em arma contra o tucano Aécio Neves. No primeiro turno, o candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, utilizou-se do expediente sem sucesso: teve o pior desempenho de um candidato do partido ao Palácio dos Bandeirantes desde 1994, com 18,22% dos votos. O governador Geraldo Alckmin, principal cabo eleitoral de Aécio no Estado, foi reeleito com 57,31% dos votos. Também em São Paulo Dilma foi “atropelada” por Aécio, que ficou com 44,2% dos votos válidos, enquanto ela obteve 25,8%.

A avaliação no PT é de que a eleição será decidida em São Paulo e o partido acha possível reverter parte dos votos que Aécio teve no 1º turno. Desde o fim de semana, o partido desencadeou uma série de atividades com ênfase no centro da cidade e no chamado cinturão vermelho – cidades da região metropolitana e bairros periféricos onde o PT tem forte aceitação. Na primeira etapa da disputa, o partido foi mal inclusive nessas regiões: Dilma perdeu até mesmo em São Bernardo do Campo e Santo André, no ABC Paulista.

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“É impossível calcular a quantidade de eventos que estão acontecendo. É agora que a campanha fica boa, quando a gente não controla mais”, disse o coordenador da campanha de Dilma em São Paulo, Luiz Marinho. No sábado, governadores nordestinos da base aliada participarão de diversos atos que vão culminar no Centro de Tradições Nordestinas. Candidatos a deputados eleitos e derrotados receberam nesta quarta-feira ordem de manter seu pessoal nas ruas. Uma das metas é dobrar o número de cabos eleitorais (pagos ou não) na reta final. Além disso, há uma força-tarefa para tentar convencer a ministra da Cultura, Marta Suplicy, a se engajar. Ela ficou irritada por ter sido expulsa do carro de Dilma pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão, em um ato em Santo Amaro, há cerca de duas semanas, e reagiu dizendo: “Quem tem voto aqui sou eu”.

A ideia do marqueteiro João Santana é usar as declarações da presidente da Sabesp, Dilma Pena, que na quarta-feira afirmou que a primeira cota do volume morto do Sistema Cantareira pode acabar em novembro caso o atual regime de chuvas se mantenha. Apesar de admitir a crise hídrica, ela previu a volta das chuvas a partir do dia 20 deste mês e conta com as obras para a captação da segunda cota do volume morto para evitar o desabastecimento generalizado. A previsão de Dilma está em linha com a do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que apontou o clima quente e seco na capital até o final desta semana. Depois, a chegada de uma frente fria deve provocar chuvas na região. A campanha petista vai acusar o governo de São Paulo de esconder a gravidade da crise.

(fonte:Estadão)edição de André Silva

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