Coreia do Norte diz que ataque contra embaixador é castigo justo
Comunicado classificou o ataque de “expressão de resistência” válida.
Incidente ocorreu quando Mark Lippert ia para reunião no centro de Seul.
A Coreia do Norte considerou nesta quinta-feira (5) o ataque com uma faca contra o embaixador americano em Seul, Mark Lippert, um “castigo justo”, pela decisão dos Estados Unidos de seguir adiante com os exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul.
“Castigo justo para os belicistas americanos”: este é o título de um breve comunicado da agência de notícias oficial KCNA, que classificou o ataque de “expressão de resistência” válida.
A agência afirmou que o ataque a Lippert por um ativista nacionalista reflete a postura da opinião pública sul-coreana, “que é crítica a respeito dos Estados Unidos por provocar uma crise bélica na península coreana por seus exercícios militares conjuntos” com Seul.
A KCNA classificou o ataque de “expressão de resistência” válida.
O governo americano condenou o “ato de violência” e, após o ataque, o presidente Barack Obama telefonou para o diplomata.
“Podemos confirmar que o embaixador americano na República da Coreia, Mark Lippert, foi agredido na manhã desta quinta-feira (horário local) em Seul, quando fazia um discurso. Condenamos energicamente esse ato de violência”, declarou a porta-voz adjunta do Departamento de Estado americano, Marie Harf, acrescentando que ele não corre perigo.
De acordo com a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Bernadette Meehan, “o presidente telefonou para o embaixador americano na República da Coreia, Mark Lippert, para lhe dizer, que ele e sua mulher, Robyn, estão em seus pensamentos e orações e para lhe desejar o melhor para uma recuperação rápida”.
A presidente sul-coreana, Park Geun-hye, qualificou a agressão de um ataque contra a aliança militar entre Seul e Washington.
“Estes fatos são intoleráveis porque não se trata apenas de uma agressão física contra o embaixador Lippert, mas sim contra a aliança entre Coreia do Sul e Estados Unidos”.
Citando fontes policiais e testemunhas, o canal YTN relatou que um homem atacou Mark com uma navalha. Lippert participava de um café da manhã de trabalho no Instituto Cultural Sejong.
Kim Young-man, porta-voz do Conselho Coreano para a Reconciliação e a Cooperação e organizador do café da manhã, pediu desculpas pela falha na segurança.
“Este homem surgiu bruscamente entre o público no início do café da manhã. Alguns tentaram detê-lo mas tudo ocorreu muito rápido. O embaixador foi ferido no rosto…”, explicou Kim Young-man.
A polícia identificou o suspeito como Kim Ki-jong, 55 anos, já condenado por atirar uma pedra contra o embaixador do Japão em Seul, no ano de 2010.
“Foi detido e estamos tentando entender o motivo do ataque”, disse o chefe de polícia encarregado da investigação, Yoon Myung-Soon.
A agência Yonhap revelou que o agressor lidera um movimento nacionalista que organiza regularmente manifestações contra as pretensões territoriais do Japão sobre um grupo de ilhas controladas pela Coreia do Sul.
A TV sul-coreana divulgou uma imagem do embaixador após o ataque. Nela, Lippert é retirado às pressas do prédio, com a mão direita no rosto ensanguentado, e a mão esquerda, também ferida, com um visível ferimento no pulso.
A polícia levou o diplomata para o hospital. Segundo um porta-voz da embaixada americana, o quadro dele é “estável”.
Ao atacar Lippert, o agressor gritou uma palavra de ordem contra a guerra. Nas imagens, a equipe de segurança e oficiais de segurança aparecem prendendo o agressor, que estava vestido com tradicionais roupas coreanas.
Esta semana, Estados Unidos e Coreia do Sul fizeram exercícios militares conjuntos, aumentando a tensão com a Coreia do Norte.
Quase 30 mil soldados americanos estão estacionados na Coreia do Sul. Em caso de conflito armado com o vizinho do Norte, os Estados Unidos podem assumir o comando operacional.
Ex-secretário adjunto da Defesa para Assuntos Asiáticos, Mark Lippert assumiu o cargo em Seul em outubro passado.
(Fonte: G1) edição de André Silva