Estudo mostra que maioria da população acha justa a paralisação

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A greve dos servidores do DF divide opiniões. Segundo pesquisa do Instituto Exata de Opinião Pública (Exata OP), praticamente metade da população, ou seja, 48% dos entrevistados, acredita que a paralisação é justa. Por outro lado, uma parcela significativa dos brasilienses, 37%, considera a greve abusiva, e 13% acham as paralisações inúteis. O estudo foi realizado no fim deste mês com 600 pessoas.

Além disso, a pesquisa mostra que, em todas as classes, faixas etárias e gêneros, a maioria acredita que deveria haver regulamentação para a greve no serviço público. Na avaliação geral, 82% desejam que as paralisações ganhem normas.

Outro revelação da análise é que 74% acreditam que o governo deveria ceder e buscar alternativas para compensar as perdas dos servidores. Em relação aos setores paralisados que mais afetam a população, a área da saúde aparece em primeiro lugar (41%), seguida de transporte (26%) e bancos (22%).

Nas ruas, opiniões divergentes comprovam o resultado da pesquisa. O casal Danielle Oliveira, 31 anos, servidora pública, e Franco de Oliveira, 44, militar, consegue enxerga os dois lados da paralisação. “Acredito que seja justa, pois todo cidadão tem o direito de reivindicar. Mas não há como negar que é abusiva devido à falta de percentual mínimo de funcionários para garantir o serviço”, opina Denielle.

Para o técnico de computadores, Alexandre Pereira, 57 anos, se o governo quisesse evitar a greve, ele teria que ter administrado melhor os recursos. “O GDF acordou tarde para a realidade. A falta de dinheiro não é culpa do servidor”, afirma, ressaltando o aumento dos impostos. “As pessoas não aguentam mais. No momento, a greve é a única forma de fazer com que o cenário mude. O governo não tem dinheiro para pagar o reajuste, mas aumenta os impostos de tudo”, finaliza.

Ação “abusiva” e “exagerada”

Por outro lado, há quem garanta que a greve é totalmente abusiva. É o caso da operadora de caixa de uma farmácia Ana Paula Farias, 30 anos. Para ela, a paralisação é exagerada, e um acordo seria a melhor saída para todos os envolvidos.

Ana Paula lamenta as consequências da interrupção dos serviços. “Muitas pessoas são prejudicadas com isso, em especial as que mais precisam, ou seja, as mais carentes. A greve só piora a situação”, aponta a trabalhadora.

O servidor público federal Márcio Cavalcante, 46 anos, não nega os prejuízos que a greve traz para a população, ainda que ele considere a paralisação justa.

“O governo não está querendo repor nem a inflação, o que significa perda real de salário e justifica o ato dos servidores, mas também entendo o lado das pessoas que não têm nada a ver com isso e estão sendo afetadas de alguma maneira. Por isso, defendo a regulamentação, para que, pelo menos, o funcionamento das atividades essenciais seja preservado, como o setor da saúde, por exemplo, que já afetou muita gente durante esse período”, opina Márcio.

Farmácias têm horário ampliado

Atendendo a determinação do Tribunal de Justiça do DF (TJDFT), que obrigou os servidores da Saúde paralisados a retornarem imediatamente ao trabalho, na última sexta-feira, as Farmácias de Alto Custo da Asa Sul, na Estação 102 do metrô, e de Ceilândia, na Praça do Cidadão, na EQNM 18/20, abriram ontem. Além disso, para normalizar a demanda reprimida pela greve, as duas unidades vão funcionar, de hoje até sábado, com horário ampliado, das 7h às 19h.

De acordo com a Secretaria de Saúde, os servidores terão de atender a demanda, que é de dez mil pacientes até o fim deste mês. Caso descumpram a ordem judicial, eles poderão responder por crime de responsabilidade, além dee ter em o ponto cortado.

Os brasilienses que garantiram os medicamentos ontem comemoram a abertura das farmácias. A dona de casa Eliana Costa Distretti, 38 anos, que tem uma filha de seis anos com epilepsia, por exemplo, agora pode ficar tranquila. Ontem, na unidade da Asa Sul, ela conseguiu reabastecer o estoque de comprimidos.

“Eu estava preocupada, pois os dois remédios anticonvulsivos que eu pego são caros e o meu estoque estava acabando. Na semana passada, passei aqui duas vezes e estava fechado. Essa greve afetou muito a minha vida. Eu senti na pele o desespero de quase não poder ajudar a minha filha. Mesmo com o meu esposo desempregado, eu ia ter que comprar esses medicamentos”, comenta a dona de casa.

Para Eliana, a paralisação é abusiva. “Quem acaba pagando por essa greve sou eu, que não tenho nada a ver com isso. A saúde da minha filha também não tem nada a ver com isso. Deveríamos ter o mínimo de serviço”, conclui Eliana, defendendo a regulamentação.

Saiba mais

Segundo o secretário de Saúde, Fábio Gondim, pelo menos 14 farmacêuticos voluntários vão trabalhar nas Farmácias de Alto Custo da Asa Sul e de Ceilândia nos próximos dias. Eles são do próprio quadro da pasta e do Ministério da Saúde. A estimativa é dobrar o serviço nas duas unidades, que, em condições normais, recebe, em média, 300 pacientes por dia, em Ceilândia, e 600, na Asa Sul.

Segundo Gondim, o abastecimento de remédios, atualmente, é de 93%. Ele explica ainda que os medicamentos em falta correspondem a menos de 10% do total (cerca de 250) que é distribuído.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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