Palácio do Planalto repreende líderes de partidos dissidentes na Câmara
O desempenho da base aliada durante as sessões de votações de vetos dos últimos dois dias motivou o Palácio do Planalto a convocar líderes partidários para cobrar uma definição na postura dos deputados. Entre as legendas que possuem ministérios no primeiro escalão de Dilma Rousseff, chama a atenção do governo o desempenho de PSD, PRB e PDT nas últimas votações. Em especial na apreciação da rejeição presidencial sobre o reajuste de até 78% aos servidores do Judiciário.
Como mostrou o Fato Online, dos 251 parlamentares que votaram contra o governo, 106 eram dos nove partidos que comandam ministérios. Na conta também entra o governista Pros, que comandou o Ministério da Educação nos primeiros meses do segundo mandato de Dilma e participa do colégio de líderes da base. Levando-se em conta o número de parlamentares do PT, PCdoB, PDT, PMDB, PP, PR, PRB, Pros, PSD e PTB, que participaram da Sessão do Congresso (239), 45% dos deputados desses partidos votaram contra o governo.
Desses partidos, preocupam mais o Palácio do Planalto o PSD, o PRB e o PDT. Interlocutores do governo dizem ser necessário dar “uma bronca” nos três. O primeiro tem votado dividido de forma sistemática. No projeto da repatriação de bens no exterior, por exemplo, menos da metade da bancada seguiu a orientação do governo. Na terça-feira, ocorreu a mesma coisa. Dos 19 parlamentares presentes no plenário, 12 votaram para derrubar o veto do reajuste do Judiciário. Alvo de intensa pressão de servidores, a derrubada causaria um impacto de R$ 36,2 bilhões aos cofres da União até 2019.
Sempre atento
No caso de PRB e PDT, a situação ficou mais complicada ainda para o governo. Quase a totalidade das duas bancadas foram contra o Palácio. No partido liderado por Celso Russomano (PRB/SP), 11 dos 12 deputados se posicionaram contra o veto. Já entre os pedetistas foram oito de 11. De acordo com interlocutores palacianos, os líderes desses partidos serão chamados para conversar. O governo vai cobrar a fidelidade destas legendas, recém agraciadas com mais espaço na Esplanada. “Em política ninguém dorme tranquilo. Na política tem que estar sempre atento”, disse o líder do governo, José Guimarães (PT/CE).
O PRB, por exemplo, conseguiu a secretaria-executiva do Ministério do Esporte, antes nas mãos do PCdoB. O PDT trocou o Ministério do Trabalho pelo das Comunicações. Parte dos líderes dos partidos com maior número de dissidentes esteve no Palácio do Planalto nesta quarta-feira para conversar com os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini. “Eu entreguei o que tinha prometido”, afirmou o líder do PP, Eduardo da Fonte (PE). Segundo o pernambucano, até 25 deputados da bancada votariam com o governo ou se absteriam.
Para um veto ser derrubado, é preciso que haja maioria absoluta dos votos nas duas Casas do Congresso. Ou seja, além de conseguir o apoio de 257 deputados, 41 senadores também devem se manifestar contra a decisão da presidente da República. Como o número mínimo não foi atingido, o Senado não precisou votar. No entanto, a vitória apertada do Palácio do Planalto veio pela combinação de dissidências na oposição, abstenções na votação e ausências. No momento da votação, 475 deputados estavam presentes.
Fonte: Fato Online