Lava Jato: Lista cita nomes de três políticos de Goiás

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Documentos apreendidos na 23ª fase da Operação Lava Jato trazem planilhas de pagamentos da empreiteira Odebrecht para 286 políticos de 24 partidos. Os repasses foram feitos nas campanhas municipais de 2012 e para a eleição de 2014.

Na relação, surgem nomes de ministro do governo, senadores e deputados, todos com foro no Superior Tribunal Federal (STF). São citados também governadores e prefeitos. A empresa foi o alvo principal da 26ª fase da Operação deflagrada ontem e batizada de “Xepa”.

Não é possível, contudo, dizer com certeza a que se referem os valores, nem se foram efetivamente repassados. Pode ser doação legal, caixa dois, ou propina.

Os políticos mencionados na lista são de várias localidades do País, como os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Lindbergh Farias (PT-RJ) e o ex-governador pernambucano Eduardo Campos, que morreu em agosto de 2014.

Entre os 286 nomes que aparecem nas planilhas da Odebrecht há três políticos goianos. O governador Marconi Perillo (PSDB), o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), e o senador cassado Demóstenes Torres (ex-DEM) aparecem nos documentos, que incluem políticos de 18 partidos no País. Os registros foram apreendidos pela Polícia Federal na 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Acarajé, no dia 22 de fevereiro, mas só foram divulgados anteontem.

Os dados da planilha associados à prestação de contas de campanhas eleitorais apontam que Marconi e Demóstenes receberam parte dos valores por meio de duas empresas – Leyroz de Caxias e a Praiamar. Elas têm o mesmo dono e endereço em Duque de Caxias (RJ), segundo registro na Receita Federal, e mudaram de nomes após as eleições de 2014. As duas empresas aparecem em planilhas da Odebrecht, associadas a diversos valores, no mesmo processo que tramita na Justiça Federal do Paraná (JF-PR) em que constam os nomes dos políticos goianos.

Com o maior valor, Demóstenes aparece em lista que aponta R$ 1,2 milhão, em 9 de setembro de 2010, quando disputou a reeleição ao Senado. Em consulta à prestação de contas da campanha, disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), consta que naquele dia ele recebeu R$ 960 mil da Leyroz de Caxias e R$ 140 mil da Praiamar.

Marconi aparece associado a dois valores: R$ 600 mil (divididos em duas parcelas de R$ 300 mil) e R$ 200 mil. Em consulta ao site do TSE, não foi possível localizar nenhum repasse da Odebrecht ou das empresas associadas ao grupo nos valores de R$ 300 mil nas datas que constam na planilha, nas duas últimas campanhas a governador (2010 e 2014). Já o valor de R$ 200 mil e a data associada na planilha coincidem com o montante repassado pelas empresas Leyroz de Caxias e Praiamar ao diretório do PSDB em Goiás.

A sigla MP aparece em uma planilha de 2012 relacionada a Goiânia e ao valor de R$ 500 mil divididos em duas parcelas de R$ 150 mil e uma de R$ 200 mil. Na coluna que informa o partido, consta a palavra “diversos”. Não há registro destes repasses nas campanhas em Goiânia.

Com relação às citações a Paulo Garcia, a reportagem não localizou nenhuma doação declarada da Odebrecht ou das demais empresas citadas para a campanha à reeleição do petista em 2012.

Além dos três políticos goianos, há ainda referências ao PT e PSDB de Goiânia e a repasses para candidatos em três cidades do Estado. Em duas listas, aparecem a mesma citação a candidatos a prefeitos dos municípios goianos de Mineiros e Perolândia, e a vereador em Cachoeira Alta, sem citação de nomes, respectivamente com os valores 150, 100 e 100, na coluna Sponsor ETH.

Empresas

A Leyroz de Caxias e a Praiamar aparecem como doadoras de candidatos e partidos nas campanhas de 2010, 2012 e 2014. A Leyroz mudou de nome na última campanha para Rof Comercial Impex. Após a sucessão de 2014, ambas mudaram de nome. A ex-Leyroz virou E-Ouro Gestão e Participação e consta como apta a vender artigos de vestuário e alugueis de móveis de escritório e de imóveis. Já a Praiamar virou F’Na E-Ouro Gestão de Franchising e Negócios, apta a diversas atividades.

Ambas são do mesmo dono – Roberto Luis Ramos Lopes. A ex-Leyroz foi aberta em 2004 e a ex-Praiamar, em 1995. Não foi possível encontrar na internet nenhum contato válido das empresas.

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