Ex-escrava com 600 cicatrizes fala sobre nova vida depois de fugir

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Uma jovem que se identifica somente como Zunduri encerrou, no dia 22 de abril de 2015, cinco anos de trabalhos forçados em uma tinturaria na Cidade do México. Segundo a BBC Brasil, ela pode, finalmente, expor o drama dos escravos modernos que ainda existem no país.

Zunduri fala sobre novos pequenos prazeres como dormir e acordar na hora que quiser, comer quando quiser, tomar banho quando tiver vontade. Poucas semanas depois de fugir do local, ela explica como foi o processo de reconstrução de sua vida.

Nos dois últimos anos de cativeiro, a jovem ficou acorrentada pela cintura, foi espancada e queimada com barras de ferro e sobreviveu sem comida e água por até cinco dias. Os médicos que a atenderam depois da fuga afirmaram que ela tinha órgãos de uma pessoa de 80 anos e chegaram a contar 600 cicatrizes.

A ex-escrava dá palestras, participa de conferências, fala de sua história a alunos, policiais, juízes, governadores, promotores e a quem mais quiser escutá-la.

“De alguma forma, me ajuda como terapia, contar de novo e de novo a minha história. Sim, é feio, porque é feio reviver o trauma, todo o mal, tudo de ruim que essas pessoas fizeram, mas desabafar ajuda psicologicamente”, disse Zunduri.

 Mesmo depois de um ano, Zunduri diz que sua paz ainda não é total. “Foi trabalhoso esquecer, perdoar, perdoar a mim mesma; de certa forma, me sentia culpada por tudo o que aconteceu comigo”, contou.

Ela tem medo que as pessoas que estão presas por seu cativeiro, a proprietária da tinturaria, a irmã da proprietária, duas filhas e o companheiro da dona, deixem a cadeia e busquem vingança. É por esta razão que Zunduri toma certas precauções, não revela informações pessoais.

Apenas diz que vive em um apartamento que o governo lhe deu, no Estado do México.

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