Boate se mantém aberta mesmo após ação civil
A boate Espaço Secreto, localizada no SOF Sul, tem sido alvo de diferentes polêmicas: o funcionamento sem licença, as confusões registradas no local e o incômodo relatado por vizinhos. No último dia 12, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) entrou com ação civil pública contra a boate e os seus dois sócios após o descumprimento da interdição do local.
O espaço foi inaugurado em abril de 2016, pelo empresário Felipe Ewerton, com o objetivo de ser uma alternativa para o cenário das festas brasilienses. Apesar do alto investimento e infraestrutura, a casa de festas já vinha sendo notificada pela Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) desde março deste ano por funcionar sem a licença adequada.
Interditado desde abril, o Espaço Secreto já foi multado em R$ 3.324,87 por descumprir o auto de interdição. A Agefis já encaminhou um ofício para a Polícia Civil do DF pedindo para que sejam tomadas providências. Por enquanto, o espaço continua funcionando normalmente e inclusive foi alvo de uma confusão na última sexta-feira (16), durante a realização da festa “Perde a Linha”.
Confusão
Segundo testemunhas, teve confusão entre a polícia e o público do lado de fora e também do lado de dentro entre a segurança e os artistas que foram contratados. O DJ da dupla Pesadão Tropical, Thiago Salvador, foi um dos artistas convidados e afirma que tudo começou após a polícia chegar no local. Segundo ele, os policiais queriam fechar a casa por falta de documentação e chegaram a usar spray de pimenta para dispersar as pessoas que estavam na fila.
Após negociação, os donos da casa conseguiram que a festa continuasse, porém, apenas quem já estava dentro da boate poderia continuar a curtir a noite. Quem estava de fora teve que voltar pra casa. Por conta disso, a produção não teria conseguido pagar os artistas convidados antes que eles subissem no palco e isso gerou a segunda confusão.
Seguranças
A produção pediu que os artistas esperassem até o final da festa para receber o pagamento. Por volta das 5h, quando os funcionários da casa já estavam desmontando os aparelhos, o DJ Gustavo Treze fez uma brincadeira que não agradou os seguranças.
Segundo Thiago, Gustavo pegou um dos aparelhos de som, o levantou, e disse que ia levar como pagamento já que ainda não tinha recebido. Os funcionários da casa não gostaram da piada e a confusão se iniciou. “O funcionário chamou outros seguranças e eles foram atrás do Gustavo, que estava no camarim. Eles agrediram ele, nos trancaram lá dentro por três minutos e chegaram até a apontar um taser pro meu rosto”, desabafa Thiago.
O DJ afirmou que não registrou Boletim de Ocorrência em Brasília porque a delegacia instalada no Aeroporto estava fechada. Entretanto, deve fazer isso no Rio de Janeiro, onde mora.
Vizinhança insatisfeita
O barulho e sujeira causados pelas festas incomodam os vizinhos. O síndico de um prédio próximo a boate, Izidileno Pinheiro, afirma que não tem nada contra as festas, só quer que o barulho diminua. Ele afirma que vários dos apartamentos estão desocupados e com dificuldade de serem locados por causa do barulho. “Tem festa que começa 14h de um domingo e só termina 3h de segunda”. Outro morador, que não quis se identificar, brinca: “Parece até que a boate é dentro do meu apartamento”.
Mas nem todo mundo pensa igual. Francisco Ferreira é dono de uma oficina em frente à boate. Sua casa fica em cima do comércio, por isso já está acostumado. “Se eu falar pra você que eu nem me incomodo com o barulho você acredita? Não faz diferença pro meu sono”.
Na opinião dele e de outros comerciantes da região, o lixo é o maior problema. A casa fica responsável apenas pela limpeza interna e o lado de fora acaba abandonado. Várias bitucas de cigarros e garrafas de bebidas podem ser vistas em frente a boate. Outra reclamação é que o público das festas estaciona de forma que atrapalha o trânsito dos clientes.
Perseguição?
Em nota, o empresário Felipe Ewerton, além de criticar vários produtores e empresários do ramo, disse que a área da boate é destinada ao comércio: “Pela lei, o SOF Sul, é proibido de ter residências, mesmo assim, com o poder e dinheiro das construtoras, vários prédios foram construídos lá”.
Ewerton confirmou os relatos da determinação de interdição, da fiscalização da Agefis no dia 16 e a confusão registrada dentro e fora da casa. Ele alega que são pessoas que “fizeram de tudo para atrapalhar o bom funcionamento do Secreto” e afirmou que vai organizar a documentação e, em breve, a casa será reaberta.