PM encontra uniforme do Samu na casa da sequestradora de bebê

A Polícia Militar do Distrito Federal encontrou um uniforme do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na casa de Cevilha Moreira dos Santos, 44 anos, em Sobradinho. Ela é acusada de sequestrar um bebê de apenas três meses, no Conic. A mulher foi presa no mesmo dia do crime, nesta quinta-feira (29/6). A roupa tem o nome e sobrenome da sequestradora na frente, seguido do tipo sanguíneo (O+) e a função de enfermeira. Na parte de trás, está escrito Neurocárdio, Samu e 192.

O Samu e a Secretaria de Saúde informaram ao Metrópoles que vão abrir uma investigação interna para apurar como a suspeita conseguiu o traje idêntico ao do órgão e se ele é verdadeiro.

Segundo a PM, o uniforme não foi levado para a Delegacia Regional de Planaltina de Goiás (GO), que investiga o sequestro, pois a corporação não tinha mandado de busca e apreensão. A informação, entretanto, foi passada aos investigadores que apuram o caso.

A assessoria de imprensa do Samu disse que a mulher não pertence ao quadro de funcionários. O órgão também lembrou que Neurocárdio é um projeto piloto que só existe no Distrito Federal e é vinculado ao Hospital de Base (HBDF).

O delegado de Planaltina de Goiás, Cristiomário Medeiros, acrescentou que Cevilha dizia ao namorado que trabalhava no Samu. A polícia, no entanto, não confirmou a informação. “Contamos com o auxílio da população para que informem sobre denúncias envolvendo a suspeita. Ela pode ser investigada por outros crimes, como estelionato”, afirmou Medeiros.

A reportagem entrou em contato com os conselhos regionais de Enfermagem do Distrito Federal e de Goiás, que não encontraram registros da mulher como enfermeira.

Cevilha Moreira dos Santos foi presa por volta das 16h40 de quinta em Planaltina de Goiás, cidade do Entorno localizada a cerca de 60km do DF. Ela está presa no Centro Integrado de Operação de Segurança (Ciops). A criança passa bem e, depois ter sido avaliada por médicos no Hospital Santa Rita de Cássia, recebeu alta.

Tráfico de crianças
Assim como se aproximou da faxineira Arlete Bastos, 29 anos, oferecendo auxílio e se passando por uma assistente social, a sequestradora Cevilha teria usado o mesmo modus operandi para tentar enganar outras mulheres grávidas ou com filhos recém-nascidos. Tudo para roubar o bebê.

A informação é corroborada pela mãe de Valentina, criança resgatada nesta quinta. “Ela procurava alguém que estava com o filho prestes a nascer e dizia que queria ajudar, que era assistente social e queria doar enxovais para as famílias que estivessem realmente precisando”, contou Arlete Bastos, 29, ao Metrópoles.

O delegado Cristiomário também apura a possibilidade de participação de outras pessoas no crime. Existe a suspeita de que ela faça parte de uma quadrilha de tráfico de crianças, já que tudo indica que o sequestro foi planejado em detalhes.

Na cela da delegacia, Cevilha aparentava desequilíbrio. Xingava e agredia policiais, sempre inquieta. Disse que estava com depressão e havia perdido um bebê há cinco meses. Segundo a sequestradora, o marido ameaçava largá-la caso não tivesse outro filho. “Eu errei, foi um momento de fraqueza”, afirmou. Além dela, foram ouvidos Arlete e o taxista que dirigia o carro no momento da prisão da sequestradora.

Chamou atenção dos policiais o fato de a mulher ter uma extensa ficha, com passagens por tentativa de homicídio, furto, apropriação indébita, lesão corporal, injúria e ameaça. Ela também já estava com uma certidão de nascimento com dados falsos sobre a menina.

Como foi o sequestro
Testemunhas contaram que, na manhã de quinta, depois de levar o bebê, a mulher pegou um táxi no Conic e desceu na estação do metrô da 114 Sul. Policiais fizeram buscas em todos os vagões e nos terminais, mas não a encontraram.

A família da mãe do bebê acredita que a mulher planejou o crime. Um parente contou ao Metrópoles que a sequestradora conheceu Arlete, na semana passada, no posto de saúde da Vila Rabelo, em Sobradinho, onde eles residem. Na ocasião, a mãe de Valentina disse que estava precisando de emprego para sustentar os quatro filhos.

“Ela foi hoje à casa de Arlete e falou que tinha arrumado um emprego para ela ganhar R$ 1 mil. Chegando à empresa em que seria feito um exame admissional, as duas não conseguiram entrar com o bebê. Então, a mãe deixou a criança com a mulher e, quando voltou, ela havia sumido”, disse Jonathan Dias dos Santos, casado com a sobrinha de Arlete.

Segundo Madalena dos Santos Silva, cunhada de Arlete, antes de saírem juntas de casa, a suspeita chegou a fazer compras no valor de R$ 150 para ajudar a família. Imagens do sistema de segurança da empresa mostram a suposta sequestradora ao lado da mãe. Cevilha vestia um colete salmão e carregava uma bolsa. Elas ficaram lado a lado.

Confira a íntegra da nota do Samu:

Em razão do compartilhamento de imagens que associam um uniforme do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao caso do sequestro de uma criança, nesta quinta-feira (29), no Distrito Federal, a Secretaria de Saúde esclarece:

– O uniforme encontrado durante as investigações assemelha-se aos usados pelos servidores do Samu na Sala Vermelha da Neurocardio do Hospital de Base; 
– O nome na vestimenta não corresponde ao de nenhum servidor do Samu;
– A gestão da pasta e do Samu acompanham o caso;
– A Secretaria de Saúde reconhece este episódio como um caso isolado e que não pode macular a imagem de seus servidores e deste serviço, que é de grande importância social e, diariamente, ajuda a salvar vidas.

 

fonte:

Metrópoles

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