Senado vota hoje proposta sobre apps de transporte pago de passageiros

Ontem, mais de mil motoristas fizeram uma carreata pelas principais ruas de Brasília para demonstrar descontentamento com a medida — a qual chamam de “proibição velada” aos aplicativos. A manifestação saiu do aeroporto rumo ao Estádio Nacional de Brasília, passando pelo Eixão e pela Esplanada dos Ministérios. A mobilização também ocorreu em cidades como São Paulo, Rio, Recife, Manaus e Campinas (SP).
A principal queixa dos motoristas de aplicativo é que a aprovação da proposta, como está, traria problemas para a continuidade do serviço. Manifestantes argumentaram que a adoção de placas vermelhas e a necessidade de veículo próprio para operar o sistema seriam uma maneira de coibir o trabalho dos aplicativos, causando danos à economia e às famílias dependentes dessa renda.
É o caso do ex-garçom Aristomil Alves Vieira. “Com 57 anos, ninguém consegue emprego neste país. A minha alternativa foi ir para o aplicativo”, diz o morador do Guará, que hoje financia o carro que trabalha com os rendimentos de dois aplicativos. João de Souza Neto, ex-vigilante em Taguatinga, também recorreu ao serviço. “É o que me sustenta hoje. Uma semana paga aluguel, outra semana paga este carro, outra as compras”, afirma.
A mobilização deve continuar hoje, prejudicando usuários que desejam utilizar o serviço. A ideia é que, entre as 7h e o meio-dia, os motoristas não estejam disponíveis para aceitar viagens, aumentando o preço das corridas. Mais mobilizações devem ocorrer no Congresso Nacional, com lideranças especulando entre 5 mil a 10 mil o número de carros participantes de aplicativos que farão protesto ali (só o Uber, em Brasília, opera com cerca de 30 mil carros). Em nota, tanto a Cabify quanto a Uber afirmaram que não organizaram a mobilização, mas que respeitam e apoiam o direito à manifestação dos motoristas.
