“Perdi a cabeça”, diz funcionário de cartório que agrediu idoso no DF

Acusado de agredir um idoso de 65 anos, Silas Gomes, 54, confirmou o ato. Funcionário do 2º Ofício de Registro Civil, Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas de Brasília, na 504 Sul, o homem disse ao Metrópoles estar arrependido. Segundo Silas, ele “perdeu a cabeça” ao dar um soco no rosto de Domingos da Paixão Reis na sexta-feira (3/11).

“Não deveria ter batido. Agi em defesa a uma agressão que eu havia sofrido. Ele me atingiu com uma cotovelada na região do peito e disse que ‘enfiaria uma faca no meu bucho”, relatou Silas.

Dois boletins de ocorrência foram registrados na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), que investiga o caso. Na versão do idoso, ele entrou no cartório para ir ao banheiro, pegou um copo d’água e, em seguida, teria discutido com Silas, que tentou retirá-lo do local.

A vítima foi surpreendida com um soco no rosto, caiu no chão e ficou sangrando. Silas teria fugido pela porta dos fundos.

À polícia, o funcionário do cartório disse que Domingos é conhecido por todos os trabalhadores do estabelecimento e fica nas proximidades do local pedindo dinheiro. Ele relatou que o idoso foi orientado, por diversas vezes, a não frequentar mais o cartório. Silas disse ainda ter sido ameaçado pela vítima.

A versão que consta no depoimento é a mesma dada ao Metrópoles na manhã de segunda-feira (6): Silas assegura que só reagiu após ter sido agredido e ameaçado.

A 1ª DP registrou o caso como lesão corporal e ameaça. O delegado pediu as imagens do circuito interno de segurança do cartório e espera o resultado do exame de corpo de delito para concluir a investigação.

Relatos
Testemunhas confirmaram à reportagem que Silas abordou Domingos no momento em que ele pedia dinheiro a uma cliente dentro do cartório. O funcionário exigiu que o idoso saísse do local.

Já do lado de fora, Domingos teria jogado água na camisa de Silas, que revidou com um soco. “Ele não é um homem agressivo. Deve ter ficado nervoso com a situação. Mesmo assim, nada explica apanhar covardemente”, disse uma comerciante, que preferiu não se identificar.

Perda de memória e AVC
Vicente Soares Reis, 55 anos, irmão da vítima, disse que a família aguarda os desdobramentos da investigação. Segundo ele, Domingos sofreu um acidente de ônibus quando era mais novo e perdeu a memória.

“Ele teve um AVC [acidente vascular cerebral] e a situação piorou. Não sabemos ao certo o que aconteceu, porque o Domingos não se lembra e não soube contar” disse. “Estamos muito tristes. Meu irmão não merecia apanhar. Ele não apresenta ameaça a ninguém e não é violento”, acrescentou.

Afastamento
Silas não apareceu no trabalho na segunda-feira (6). “Fui orientado a não ir nos próximos dias. Ainda não sei o meu futuro no serviço depois de tudo que ocorreu”, afirmou.

Ele também comentou que está tranquilo em relação à ocorrência. “As imagens da câmera de segurança já foram entregues à polícia. Eu apenas me defendi. O meu advogado está acompanhando tudo”, acrescentou.

Por meio de nota, o cartório confirmou o afastamento do funcionário. Segundo a instituição, Silas teve “conduta imprópria”, “em desacordo com as orientações de sua chefia”.

Ainda de acordo com o documento, a vítima foi procurada pelo cartório, que está à disposição para prestar o auxílio necessário. “O 2º Ofício esclarece que toda e qualquer pessoa pode adentrar a seu espaço para usar o banheiro e tomar água, como de fato acontece diariamente.”

Repercussão
O caso ganhou repercussão após a advogada Alinne Marques postar o fato no Facebook. Ela estava no local a trabalho e prestou socorro ao idoso. O episódio foi noticiado pelo Metrópoles no domingo (5).

fonte:

Metrópoles

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