Em nota, Paula Belmonte fala sobre invasão da PF em sua residencia

Não há dano maior à democracia que a violência que se comete a pretexto de defendê-la. E é o que temos visto, com frequência assustadora, em nosso país, com o agravante de que tal ilegalidade parta de onde deveria ser combatida: o Supremo Tribunal Federal.
Eu e minha família – meu marido, Luís Felipe Belmonte, e nossos quatro filhos menores – fomos surpreendidos, ao amanhecer do dia, com a presença de policiais federais armados em nossa residência, confiscando bens pessoais, sem que nos fosse sequer informada a razão (inclusive porque não há) de tal truculência.
Somos cidadãos de bem, cumpridores de nossos deveres cívicos. Como parlamentar, há ainda a violação simbólica a um dos poderes da República, que represento. Como mãe – e isto para mim é o mais grave -, sinto-me agredida perante os bens mais preciosos de minha vida, que são os meus filhos, submetidos a um trauma que creio desnecessário adjetivar.

No momento em que fomos atacados – e não há outra expressão para o que ocorreu -, nem sabíamos que éramos alvo de inquérito, a cujo conteúdo, até o momento em que redijo esta nota, não tivemos acesso. Uma inconstitucionalidade, emanada da Corte Suprema, cuja missão é a de Guardiã da Constituição.
O que está em pauta, diante do ocorrido, não é um jogo ideológico, de quem está contra ou a favor disso ou daquilo. O que está sendo violentado – e isso deve servir de alerta para todos – são os mais elementares princípios do Estado democrático de Direito.