Homem preso com material nazista planejava atentado: “Queria matar”

Organizados e violentos, grupos simpatizantes do nazismo utilizam o suposto anonimato proporcionado pela internet para arregimentar “soldados do ódio” e promover atentados contra minorias. Investigações conduzidas pelas polícias civis de sete estados e pelo Ministério Público mapearam a ação de uma dessas células extremistas.
A coluna teve acesso exclusivo a um vídeo no qual um deles confessou que planejava cometer um atentando e, em seguida, se matar. Nas imagens, logo após ser alvo de busca e apreensão, o suspeito relata aos policiais que “não aguentava mais as coisas erradas no mundo”. O criminoso se apresentou como vigilante noturno e disse que “respeitava apenas pessoas honestas”.
A quadrilha de nazistas foi foco de policiais civis e promotores em 16 de dezembro. Batizada de Operação Bergon, a ação cumpriu quatro mandados de prisão e 31 de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Minas Gerais, no Rio Grande do Norte, no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.PUBLICIDADE
Veja imagens da operação:


Apreensão de material nazistaReprodução

Senha do Facebook era Adolf Hitler
Operação ocorre em sete estados
Armamento localizado pela polícia
Os policiais apreenderam desenhos sobre nazismo
Foram apreendidos livros sobre a doutrina nazista
Desenhos de figuras nazistas foram apreendidos
Como também livros sobre a vida de Adolf Hitler
Policiais apreenderam o emblema da cruz de ferro, usada por nazistas
Bandeiras nazistas foram apreendidas
Celulares dos alvos foram apreendidos
Emblemas nazistas foram apreendidos
Policiais apreenderam uma série de desenhos com tema nazista
Muitos materiais com tema nazista foram levados pela polícia
Apreensão de material nazistaReprodução1
Redes sociais
Os investigados disseminavam ódio a negros e judeus nas redes sociais. A operação foi coordenada pela Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol), por meio da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público.
As investigações duraram sete meses e começaram após comunicação feita à Dcav pela Secretaria de Operações Integradas (MJSP), por meio do Laboratório de Operações Cibernéticas e da Homeland Security Investigations (HSI-USA), para apurar fatos e circunstâncias ligados a uma associação criminosa voltada à prática de atos violentos, de discriminação e preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional por meio de redes sociais.conteudo patrocinado
Em maio deste ano, um dos alvos foi identificado por utilizar um aplicativo para espalhar ódio e atrair simpatizantes, principalmente com ameaças contra negros e judeus. Na ocasião, a Delegacia da Criança e Adolescente pediu à Justiça que decretasse a prisão cautelar temporária de 30 dias, expedição do mandado de busca e apreensão e quebra do sigilo de dados.
Simpatizante do nazismo confessou que pretendia cometer atentado:
A partir da análise do material periciado pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e pelo Ministério Público, foi encontrado farto conteúdo racista contra negros e judeus. Chamaram a atenção diálogos ameaçadores, cooptação de simpatizantes, treinamento e, principalmente, disseminação de ódio.
Dos alvos da ação, 15 são do estado do Rio de Janeiro; nove, de São Paulo; dois, do Rio Grande do Sul; dois, do Paraná; um é de Minas Gerais; um, do Rio Grande do Norte; e um, de Santa Catarina.
Veja mais imagens das apreensões:
Bergon
O nome da operação faz alusão à freira francesa Denise Bergon, que usou seu convento para abrigar crianças judias entre alunos católicos durante a Segunda Guerra Mundial, evitando que fossem capturadas pelos nazistas.