Zoo de Brasília atrai interessados em conhecer hábitos noturnos dos bichos

O Correio esteve lá e presenciou reações dos bichos que não se mostram incomodados com as visitas fora de hora

Quando o assunto é Zoológico de Brasília, o mais comum a se pensar são atividades durante o dia, como piqueniques e ver os animais que lá vivem. O que muita gente não deve saber é que o espaço guarda alguns segredos no período noturno. Acontece que alguns dos animais que moram no local costumam ser mais ativos durante a noite, quando é melhor para observá-los. 

Para quem gosta de observar os bichos da instituição, a boa notícia é que o projeto Zoo Noturno está de volta e o Correio participou de um desses passeios, que tem duração de duas horas, para ver de perto a experiência dos visitantes noturnos. O ponto de partida é a entrada do Zoológico, às 19h. 

“À noite, você observa como aquele bicho se comporta. É bem descontraído e tem toda a monitoria falando sobre aquele animal”, explica Joseval Lima Batista, superintendente de educação e lazer do Zoológico, que dá mais dicas importantes para os interessados no passeio: “Tem que vir bem calçado, com meias longas e agasalhado, porque faz frio. A caminhada é longa, por isso, tem que trazer a garrafinha de água”. 

Os monitores dão as orientações. Os visitantes devem sempre seguir pelas calçadas, por causa de bichos que podem estar escondidos na grama, e nada de flashes ou lanternas direcionadas para os animais. A luminosidade dos aparelhos pode estressá-los. Para que seja possível ver os bichos, os próprios monitores direcionam a luz de maneira apropriada. Os guias também fazem o trabalho de educação ambiental, trazendo informações sobre as espécies e a história dos animais que todos anseiam conseguir ver. 

A primeira parada é a elefante fêmea Belinha, que fica no recinto bem próximo do ponto de partida do passeio, seguida pela girafa Yasa, que fica logo ao lado. Depois, o grupo, que pode ter até 40 pessoas, segue em frente até chegar ao recinto das hipopótamos fêmeas. Com a sinalização luminosa dos monitores, Catarina, Bárbara e Chubinho, doações de outros zoológicos para o de Brasília, já se aproximam da grade, momento em que os presentes podem ver uma demonstração de condicionamento de reforço positivo. 

As hipopótamos fêmeas obedecem ao comando de abrir a bocarra e exibi-la para os visitantes. Como recompensa, os animais recebem um punhado de capim. Os monitores explicam que é importante que elas aprendam a obedecer a esses comandos, que facilitam em momentos de cuidados, como na hora de cerrar os dentes. 

É importante lembrar que os hipopótamos, também conhecidos como cavalos do rio, são muito territorialistas e são um dos animais que mais matam humanos no planeta. Os monitores levam anos até conseguir conquistar a confiança dos bichos. Então, nada de visitantes tentarem fazer o mesmo. 

No recinto das onças, que também costumam ser mais ativas durante a noite, os irmãos Peter e George fazem uma demonstração de afeto. Peter é a mesma onça que, no fim de dezembro passado, surpreendeu visitantes ao conseguir escalar as grades do recinto. Dos felinos, ninguém pode chegar perto, nem mesmo os tratadores. A observação é apenas de longe mesmo. 

No serpentário, a píton-indiana, a jiboia-de-madagascar, a cascavel e jararacuçu são algumas que podem ser observadas pelos visitantes. Os monitores lembram que as cobras são responsáveis pelo controle de pragas, como os ratos. 

As antas também são estrelas da noite do Zoológico de Brasília. Mal os tratadores chegam perto da grade do recinto e o casal Melão e Melancia logo se aproxima para se exibir. As antas são os maiores mamíferos terrestres da América do Sul, podendo alcançar até 300 quilos e dois metros de comprimento. Com cuidado, cada um dos visitantes pode dar um punhado de capim na boca dos animais, através das grades e sem tocar neles.

Visita 

A estudante de medicina veterinária Yasmin Menandro, 21 anos, destaca a importância de poder observar os hábitos noturnos de animais da fauna brasileira, como as cobras e as antas. “A gente consegue ter ideia de animais que estão dentro da nossa fauna e assim conseguimos tentar entender o comportamento deles para melhorar tanto para eles quanto para a nossa sociedade”, observa a estudante. 

O colega dela, Rodrigo Lima da Silva, 26 anos, também esteve no passeio. “É uma experiência única. Os animais que, normalmente, não vemos de dia, nós podemos ver agora à noite. Além disso, tem as informações que os tratadores entregam para a gente. Incrível”, diz o estudante, que é falcoeiro e ansiava por ver as corujas, aves de rapina com hábitos noturnos. 

Daniel Moreira Xavier, 35 anos, vê a oportunidade de conhecer melhor sobre os animais de diferentes partes do mundo. “Os hipopótamos foram os mais interessantes, até pela questão de serem de uma região tão distante da gente”, conta o gerente de tecnologia. 

Passeio 

Com limite de 40 vagas por dia e valor de R$ 30 por pessoa, o Zoo Noturno acontece às terças-feiras e quintas-feiras, e permite que o cidadão interaja com algumas espécies. Para participar, é necessário ter a partir de 8 anos de idade e agendar a visita pelo e-mail atendimento@zoo.df.gov.br.

Após a solicitação dos interessados, a Diretoria de Educação Ambiental enviará um formulário obrigatório com as instruções da visita. O agendamento só é confirmado depois do reenvio do formulário devidamente preenchido, no mínimo, cinco dias antes do passeio educativo.

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fonte:

Correio Brasiliense

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