UFC 303: Alex Poatan nocauteia Prochazka com chute devastador

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Desta vez, não houve dúvidas ou desculpas. Se a primeira luta entre os dois terminou com um nocaute que alguns quiseram descreditar como uma interrupção prematura, na revanche deste sábado em Las Vegas Alex “Poatan” Pereira nocauteou Jiri Prochazka em apenas 13 segundos no segundo round. O confronto foi o evento principal do UFC 303 e valia o cinturão peso-meio-pesado, que segue sob o domínio do brasileiro.

Poatan apostou nos chutes baixos para começar. Prochazka tinha dificuldade para entrar com seus golpes, e levou um cruzado de esquerda num contragolpe. O brasileiro alternou para chutes na linha de cintura. O tcheco agarrou faltando dois minutos no round inicial, mas Pereira defendeu bem e se desvencilhou. Prochazka provocou e caiu com um cruzado de esquerda no segundo final. Ele foi salvo pelo gongo.

Era apenas um prenúncio do que estava por vir. O segundo assalto mal começou e Poatan acertou um chute alto de esquerda que mandou Prochazka de volta à lona. Desta vez, o brasileiro acertou marretadas no adversário caído para não deixar mais dúvidas. O árbitro Herb Dean encerrou a luta, e Prochazka estava visivelmente grogue, incapaz de se levantar sozinho.

Para acrescentar um tom de ironia, Poatan mostrou seu pé esquerdo com o dedão ainda cicatrizando de uma fratura sofrida durante os treinos para o UFC 300, em abril. O brasileiro entrou na luta principal do 303 com duas semanas de antecedência porque o irlandês Conor McGregor, lutador de MMA mais famoso do mundo, se retirou do evento em função de uma lesão no dedo mínimo.

Com a vitória, Poatan se transformou também no primeiro brasileiro a defender com sucesso o cinturão do peso-meio-pesado do UFC duas vezes, superando as marcas de Lyoto Machida (uma), Maurício Shogun, Vitor Belfort e Glover Teixeira (nenhuma).

Diego Lopes vence luta de última hora contra Dan Ige

O peso-pena Diego Lopes experimentou uma situação completamente inusitada neste sábado. Após aceitar lutar no UFC 303 contra Brian Ortega com duas semanas de antecedência e topar na véspera do evento que o limite de peso mudasse de 66,2kg para 70,7kg, o manauara viu seu adversário mudar com quatro horas faltando para o combate. Lopes acabou enfrentando o americano Dan Ige e o venceu por decisão unânime (triplo 29-28) numa luta bem movimentada.

Diego deveria enfrentar o americano Ortega, ex-desafiante número 1 dos penas. “T-City”, no entanto, não só não foi capaz de atingir o limite da categoria no pouco tempo de preparação que teve (cerca de duas semanas), como passou mal neste sábado e acabou vetado pelos médicos. Dan Ige, que treina em Las Vegas e se preparava para uma luta no dia 20 de julho, foi chamado às pressas para substituí-lo. Lopes e Ige concordaram em fazer o combate em peso-casado de 74,8kg e subiram à balança mais uma vez nos bastidores da arena.

Diego Lopes fecha triângulo de mão contra Dan Ige no UFC 303

No octógono, Diego acertou duros cruzados no primeiro round. Ige entrou em queda nos segundos finais, e o manauara o pegou numa guilhotina e progrediu para um triângulo de mão. Porém, não conseguiu a finalização. No segundo assalto, Lopes defendeu um chute alto do americano, o derrubou e passou às costas, onde fechou o cadeado na linha de cintura. Contudo, não encontrou espaço para o mata-leão, nem para a chave de braço. Ige andou mais para frente no terceiro e último round e acertou bons socos. Diego apelou para a luta agarrada, mas acabou caindo por baixo com 1min30s restando. O americano jogou cotoveladas e marretadas e o brasileiro fez o possível para se defender.

– Foi uma loucura. Máximo respeito com Dan Ige, não é qualquer um que aceita a luta faltando três horas! Ontem, após a encarada, pensei que fosse o que fosse. Mas pego quem for, onde for. Já falei para o UFC, quero voltar no Sphere (em setembro), seja contra o Brian Ortega ou contra (Alex) Volkanovski – disse Lopes após a luta.

– Não importa, oito semanas, quatro semanas, duas semanas, quatro horas! Este é meu sonho, vivo para isso. Eu estava na massagem, me ligaram e perguntaram, “Você quer lutar hoje?” Isso é coisa de lendas, vou contar sobre isso para meus netos – comentou Ige, que também pediu para lutar no evento nomeado “Noche UFC” na arena Sphere.

Corte profundo custa luta para Sheetara

A peso-galo paulista Mayra Sheetara queria lutar mais. Um corte profundo logo acima do seu olho direito, porém, não permitiu. O médico recomendou ao árbitro Chris Tognoni que encerrasse o combate da brasileira a 1min58s do segundo round, com vitória da americana Macy Chiasson por nocaute técnico.

Sheetara fez um bom primeiro round, no qual pressionou bastante e acertou duros cruzados, chutes e ganchos. No segundo, Chiasson voltou acelerada e levou a brasileira ao chão logo nos segundos iniciais. Ela acertou uma cotovelada duríssima na testa, que instantaneamente abriu um corte. Mayra ainda atacou uma chave de braço por baixo, mas a americana escapou e se levantou. Foi aí que Tognoni interrompeu a luta para que o médico examinasse o corte. Quando o árbitro encerrou a luta, a paulista ficou tão revoltada que saltou a grade do octógono e foi reclamar diretamente com o presidente do UFC, Dana White.

Jean Silva dá show com nocaute em Jourdain

O peso-pena catarinense Jean Silva chegou à décima vitória consecutiva no MMA, a segunda no UFC, ao nocautear o canadense Charles Jourdain a 1min22s do segundo round. O lutador da equipe Fighting Nerds foi certeiro com seus ataques, conseguiu um knockdown com um cruzado de esquerda de resposta no primeiro round e ameaçou uma chave de braço. No período seguinte, Jourdain buscou a queda e recebeu duras cotoveladas nas costelas. Quando largou a perna do brasileiro, recebeu um uppercut fulminante que encerrou a luta. Jean saiu rindo e dando de ombros, como se dizendo, “Eu avisei”.

Ao comentar a felicidade que transbordava dele tanto na encarada, quanto na apresentação do locutor Bruce Buffer, e até durante a luta, Silva se emocionou.

– Tem como não estar feliz? A gente trabalhou pra caramba. Eu e minha esposa estamos aqui… – e a partir daí, o sorriso se transformou em lágrimas de alegria.

Lokdog homenageia o RS e vence Simón

Vinícius “Lokdog” Oliveira não desistiu de lutar no UFC 303 nem quando seu estado, Rio Grande do Sul, ficou submerso pelas chuvas. Não parou de treinar nem com sua academia interditada, ao mesmo tempo que auxiliava pessoas afetadas pela tragédia. Neste sábado, ele fez todo o sacrifício valer a pena, com uma grande vitória por decisão unânime (30-27, 30-27, 29-28) sobre o americano Ricky Simón, na abertura do evento.

Lokdog entrou no ginásio usando uma faixa preta no braço, com a inscrição “Rio Grande do Sul 2024” nas cores da bandeira do estado. Foi sua forma de fazer referência à unidade federativa na qual nasceu e vive. Dentro do octógono, ele honrou seus conterrâneos com uma atuação dominante, na qual controlou a distância, rechaçou oito das 10 entradas de queda do adversário e o castigou com chutes baixos e socos. O peso-galo ainda mostrou sua resiliência gaúcha ao lesionar a canela direita ao final do segundo round, quando Simón bloqueou seu chute com o joelho. Vinícius não desistiu, buscou o nocaute até o fim e foi recompensado com a vitória.

Garry derrota Page em luta equilibrada

O peso-meio-médio irlandês Ian Machado Garry preservou sua invencibilidade no MMA com uma vitória sofrida sobre o britânico Michael “Venom” Page no card principal. Page foi melhor em pé, particularmente no segundo round, no qual acertou duros jabs, diretos e overhands. Tipicamente conhecido pela trocação, Garry surpreendeu ao apostar no jiu-jítsu que afiou com Charles do Bronx e Demian Maia. Ele quase finalizou um mata-leão e um mão-com-mão no primeiro round, ameaçou uma chave de calcanhar no segundo assalto e mochilou Page na reta final do terceiro. Esse domínio das costas foi decisivo para que os três juízes apontassem vitória do irlandês em dois dos três rounds.

Talbott impressiona com nocaute em 19 segundos

O peso-galo americano Payton Talbott era o maior favorito na programação do UFC 303, e provou por quê com uma vitória relâmpago contra o francês Yanis Ghemmouri. Após quatro lutas decididas nas papeletas dos juízes laterais para iniciar o evento, Talbott sacudiu a arena com um direto de direita certeiro, apenas seu segundo golpe no combate, que mandou Ghemmouri à lona. O francês ainda tentou se defender, mas a sequência de golpes do americano não lhe deu chances de recuperação, e o árbitro Chris Tognoni encerrou a luta com apenas 19 segundos disputados.

Quem também nocauteou rapidamente foi o peso-médio americano Joe Pyfer, que mandou o canadense Marc-André Barriault à lona com uma sequência de cruzados e ganchos em apenas 1min25s.

Michelle Waterson-Gomez se aposenta

Michelle Waterson-Gomez chora no ombro de Joe Rogan ao se aposentar no UFC 303 — Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC via Getty Images

A lutadora americana Michelle Waterson-Gomez se aposentou do MMA após 17 anos de carreira. Ex-campeã no Invicta-FC, a peso-palha de 38 anos de idade passou nove anos no UFC e encerrou sua trajetória com uma derrota por decisão unânime para a canadense Gillian Robertson. Foi seu quinto revés consecutivo. Ela se emocionou ao anunciar sua despedida.

– Luto há muito tempo e me perguntava, o que sou eu se eu não for mais uma lutadora? Meu marido me disse, “só porque você não está mais no octógono, não significa que você deixou de ser uma lutadora”, e isso me ajudou a lidar com esta sensação – discursou Waterson-Gomez, que pendura as luvas com um cartel de 18 vitórias e 13 derrotas.

Confira os resultados completos do evento:

UFC 303
29 de junho de 2024, em Las Vegas (EUA)
CARD PRINCIPAL:
Alex Poatan venceu Jiri Prochazka por nocaute técnico aos 13s do R2
Diego Lopes venceu Dan Ige por decisão unânime (triplo 29-28)
Roman Dolidze venceu Anthony Smith por decisão unânime (30-27, 29-28, 29-28)
Macy Chiasson venceu Mayra Sheetara por nocaute técnico (interrupção médica) a 1min58s do R2
Ian Machado Garry venceu Michael Page por decisão unânime (triplo 29-28)
CARD PRELIMINAR:
Joe Pyfer venceu Marc-André Barriault por nocaute a 1min25s do R1
Andre Fili venceu Cub Swanson por decisão dividida (29-28, 28-29, 29-28)
Jean Silva venceu Charles Jourdain por nocaute a 1min22s do R2
Payton Talbott venceu Yanis Ghemmouri por nocaute aos 19s do R1
Gillian Robertson venceu Michelle Waterson-Gomez por decisão unânime (30-27, 30-27, 30-26)
Martin Buday venceu Andrei Arlovski por decisão dividida (29-28, 28-29, 30-27)
Rei Tsuruya venceu Carlos Hernandez por decisão unânime (triplo 29-28)
Vinicius Lokdog venceu Ricky Simón por decisão unânime (30-27, 30-27, 29-28)

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