Redução da tarifa de transporte entre o Entorno e o DF volta a ser analisada

A reportagem do Jornal conversou com participantes do chamado GT do Entorno, grupo que estuda alternativas para reduzir o valor das passagens entre o Distrito Federal e cidades circunvizinhas para R$ 5 até 2025. Por enquanto, ainda não há acordo, embora haja avanços nas negociações

Instituído em fevereiro deste ano por meio de portaria do governo federal, o “Grupo de Trabalho do Transporte Semiurbano entre o Distrito Federal e Região que abrange as cidades do Entorno de Goiás”, conhecido como “GT do Entorno”, ainda não chegou a um consenso quanto ao abatimento no valor das tarifas pagas pelos usuários que se deslocam entre o DF e municípios adjacentes. Para solucionar o imbróglio, a iniciativa prevê a criação de um consórcio interfederativo entre DF, Goiás e o governo federal, com o objetivo integrar e subsidiar o transporte da região, mas ainda depende de análises técnicas e definições políticas.

Segundo a titular da Secretaria de Estado do Entorno do Distrito Federal (SEDF-GO), Caroline Fleury, os estudos necessários para a criação do consórcio estão próximos de serem finalizados. Ela explica que a proposta vem do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), e permitiria uma gestão conjunta entre os três entes federativos, ajudando a distribuir custos e responsabilidades. Apesar do projeto ter prosseguido de forma satisfatória no campo técnico, a secretária diz que ainda há desafios nos âmbitos político e financeiro. “O grupo está em andamento, realmente indo para a fase final, mas, para avançar, será necessária uma decisão política, especialmente do governo federal”, pontua.

De acordo com a secretária, a tarifa ideal deve ser determinada considerando os valores praticados em Goiás, atualmente R$ 4,30, e no DF, que é de R$ 5,50. Para isso, o subsídio é necessário, a fim de que o usuário do transporte não arque com a totalidade dos custos. “Ainda há etapas de análise para definir o valor, mas nossa expectativa é que isso traga um alívio significativo para os moradores da região”, salienta Caroline. “Porém, precisamos do comprometimento do governo federal, que é responsável pela gestão desse transporte interestadual. Esse subsídio é crucial, pois o custo de operação é alto e, sem ele, a tarifa acessível pode não ser viável”, alerta.

Caroline Fleury: “O subsídio é crucial, pois o custo de operação é alto e, sem ele, a tarifa acessível pode não ser viável” (Foto: Divulgação)

Transporte oneroso

A Secretaria de Mobilidade Urbana do DF (Semob), que também integra o GT do Entorno, reforçou que o projeto está sob análise e a implementação do consórcio deve passar, ainda, por várias etapas. “Estamos estudando esse assunto, mas não temos valores fechados”, informou a Semob ao Jornal Opção Entorno. A decisão, segundo o órgão, depende do crivo da Câmara Legislativa do DF, das câmaras municipais da região do Entorno e do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).

Já a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), outro órgão que participa do grupo de trabalho, destaca que o subsídio ao transporte é essencial para viabilizar o projeto. “Sem subsídio, a gestão compartilhada pode até dificultar a operação, considerando que o transporte entre o DF e o Entorno é oneroso e exige apoio financeiro”, disse a ANTT, em nota enviada à reportagem. A Agência reiterou que a decisão de destinar recursos públicos cabe ao governo federal e que o Ministério dos Transportes e a Presidência da República serão responsáveis pela definição do orçamento para essa questão.

Falta de qualidade

Para a auxiliar de costura Lucimar da Silva Oliveira, que faz o trajeto de Santo Antônio do Descoberto a Brasília todos os dias, esse acordo ajudaria muitos usuários, mas ela acredita que dificilmente haverá redução tarifária. “A diminuição do preço da passagem ajudaria muito, mas não vai acontecer. A verdade é essa! Nunca mais voltará a R$ 5”, desabafa.

Além disso, o maior problema, em sua opinião, não é tanto o valor da tarifa, mas a falta de qualidade dos ônibus e do sistema de uma forma geral: “Pelo preço que é a passagem, deveria ter mais ônibus e não deixarem a gente vir em pé, em um transporte de má qualidade”, conclui dona Lucimar.

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fonte:

Jornal Opção

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