Como funcionava golpe com caminhões aplicado por mentorado de Marçal

Caminhões tinham placas trocadas ou eram levados para locais afastados sem GPS. Empresário participou de programa de mentoria de Marçal

MENTORADO DE MARÇAL CAMINHONEIRO VANDERSON DE MELO É SUSPEITO DE SUMIR COM 40 CAMINHÕES - METRÓPOLES

Em 2020, a empresa de caminhões de Vanderson de Melo, mentorado do ex-coach Pablo Marçal, firmou contrato com uma gigante do setor de logística para alugar 40 caminhões. Hoje, ele é acusado de sumir com os veículos locados e fazer de tudo para escondê-los ou fraudar suas placas para não serem resgatados.

A Justiça autorizou buscas e apreensões para recuperar a frota. Agentes do Judiciário percorrem pelo menos cinco estados do país em busca dos caminhões que Melo alugou, não pagou e também não devolveu. A dívida de apenas um desses contratos chega aos R$ 7,2 milhões.

Parte dos caminhões foi escondida das formas mais criativas. Uns tiveram placas trocadas, outros foram levados para locais afastados da sede da empresa, sem GPS. O esquema funciona assim: troca-se a placa de um caminhão que é objeto de bloqueio judicial por outra sobre a qual não recai qualquer ordem da Justiça. Assim, o veículo roda, e os credores nunca o encontram.

Como mostrou o Metrópoles, em duas oportunidades, o caso foi parar na polícia. No início de junho, advogados da empresa proprietária dos caminhões foram a um endereço em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, para levar caminhões embora.

Quando chegaram lá, depararam-se com funcionários correndo para tirar as placas dos caminhões que foram encontrados – tudo foi acompanhado por um oficial de Justiça e filmado.

Em outra oportunidade, dois caminhões foram flagrados com placas frias pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma rodovia no Rio Grande do Sul. Os agentes pararam os veículos e descobriram na seguradora a dívida, que deu ensejo ao bloqueio deles.

Advogados da empresa dona dos caminhões já encontraram os veículos cobertos por lonas em um terreno em Redenção, no Pará, e em estados como Mato Grosso, Santa Catarina e Maranhão.

Recentemente, encontraram até dois caminhões sendo transportados na caçamba de um outro caminhão na rua – nesse caso, acabaram escapando com o veículo, que não foi apreendido.

Caminhões depenados

Nesta semana, o Metrópoles mostrou que oficiais de Justiça apreenderam 16 caminhões escondidos em uma propriedade chamada “Sítio Vô Matielo”, na cidade de Tijucas, no litoral de Santa Catarina, a 55 km de Florianópolis. Também foram apreendidos em um pátio da empresa de Melo. Dois deles estavam sem motor e um totalmente depenado – sobrou só o chassi, que foi identificado como propriedade de um dos credores de Melo.

História de sucesso

Vanderson apoiou a campanha de Marçal à Prefeitura de São Paulo em 2024 e esteve em eventos com o candidato, incluindo debate em televisão e, até, pescaria. “Ele era motorista de caminhão. Hoje, ele tem uma das maiores empresas da América Latina de logística. Esse ano de 2024, já vai bater 2 mil placas de carreta, caminhão, os trem doido (sic)”, disse Marçal sobre o mentorado, durante palestra a seguidores.

Assim como o “mentor”, Vanderson se considera influenciador e dá palestras sobre sua história de sucesso. Em uma rede social, Melo se apresenta como motorista de caminhão, investidor, palestrante, empreendedor entusiasta e fundador Grupo Brasil Novo.

Em um vídeo n0 Instagram, ele mostra o veículo “frota zero um”, que seria o símbolo de sua trajetória de sucesso. Vanderson conta ter trocado, em 2001, um Corsa pelo caminhão, que, aos poucos, foi sendo restaurado. Seria o início do Grupo Brasil Novo. O exemplo de prosperidade inspira seus pouco mais de 4 mil seguidores.

“Tu és exemplo de trabalho e resiliência, me lembro de quando passavas lá na frente da Fiat, até virar nosso cliente, estamos falando de mais de 20 anos. Fé em Deus sempre”, escreve um seguidor. Outro pede publicações sobre como Vanderson teria passado de caminhoneiro a empresário de sucesso: “Top demais, vc podia fazer um video de como começou que tipo de carga, e as troca de caminhão e por diante. Ia ser bem legal, ia ser uma inspiração para quem quer começar e tem medo”.

Legendário

Há cerca de cinco meses, Vanderson participou de um evento do movimento Legendários, que promove retiros espirituais exclusivos para homens e que já atraiu famosos, como os influenciadores Eliezer e Gustavo Tubarão, o investidor Thiago Nigro, o pregador Deive Leonardo e o empresário Kaká Diniz, marido de Simone Mendes.

Segundo a organização, o Legendários é um projeto que busca ajudar homens a se reconectarem com seus propósitos, promovendo transformações pessoais que impactam também suas famílias e comunidades.

Crise financeira

No último dia 23, após o Metrópoles mostrar o caso, o empresário correu para as redes sociais a fim de se justificar. Disse que a empresa entrou em um “blackout financeiro” e que estuda até encolher a estrutura.

Não comentou o caso das trocas de placas de caminhões nem as apreensões da polícia, mas disse que não há “nada além” da crise financeira vivida pela empresa. “Estamos tomando todas as medidas possíveis por todas essas barbaridades que estão falando por aí”, pontuou.

“Quando se faz algo que tem uma trajetória de sucesso, ninguém dá muita importância. Agora, quando acontece qualquer deslize ou qualquer momento pontual realmente de dificuldade, todo mundo joga a primeira pedra”, afirmou.

Após a reportagem, o empresário Vanderson de Melo se posicionou. “Esclareço que os caminhões recuperados estavam disponíveis para serem retirados no pátio da matriz da nossa empresa em Santa Catarina, e não em fazenda ou sítio como divulgado na reportagem, informo ainda que trata-se de 2 caminhões nessa situação e não 16 como divulgado, além do que não estavam depenados e sim batidos/sinistrados esses caminhões.

“Informo ainda que o processo envolvendo esse caso segue em andamento na justiça, onde aguardamos a análise e deferimento dos recursos impetrados a fim de resguardar nossos direitos”, disse.

A reportagem já havia mostrado que dois caminhões estavam sem peças. A informação o local da apreensão de outros 14 caminhões consta em processos judiciais e foi registrada por oficiais de Justiça que cumprem mandados contra Melo e sua empresa. Trata-se de diferentes processos sobre diferentes credores de Melo.

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fonte:

Metrópoles

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