Cristalina se torna o “Vale do Silício brasileiro” após descoberta de grande reserva mineral
Uma nova frente de pesquisa mineral pode transformar o futuro econômico de Cristalina (GO)

A apenas 7 quilômetros da entrada da cidade, o local chamado de Vale dos Cristais é uma grande reserva de quartzo com alto teor de silício, elemento fundamental para a indústria de tecnologia, utilizado na fabricação de vidros, semicondutores e painéis fotovoltaicos.
O estudo vem sendo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Catalão (UFCAT), em parceria com o Instituto Federal de Catalão, o Instituto Federal de Cristalina e a Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha. À frente do projeto, o professor André Carlos Silva – engenheiro de minas, mestre em Engenharia Mineral e doutor em Engenharia de Materiais – afirma que o potencial da cidade pode colocar Goiás no mapa global da tecnologia.
Silício: da areia ao painel solar
Segundo o pesquisador, os rejeitos da produção de cristais, muitas vezes descartados, revelaram-se matéria-prima para diversas aplicações industriais. “Nós já comprovamos que esse material pode ser utilizado na produção de vidros, desde artesanato até vidro automotivo e de construção civil. Com mais avanços tecnológicos, há possibilidade de evoluir até a produção de painéis fotovoltaicos”, explicou André Carlos.

O professor destaca que, embora o teor de ferro no quartzo de Cristalina ainda impeça a produção direta de silício grau solar, necessário para painéis de alta eficiência, o potencial já é suficiente para atrair indústrias de vidro e reduzir custos de produção no Centro-Oeste.
“Hoje, praticamente todo vidro plano consumido em Goiás e no Distrito Federal vem de São Paulo. Só com a instalação de fábricas locais, economizaríamos até mil quilômetros em transporte e poderíamos abastecer Goiânia, Brasília, Palmas e todo o Norte do país”, ressaltou.
Em entrevista ao Jornal Opção Entorno, o professor Fernando Santos, diretor administrativo do Instituto Federal de Goiás – Campus Cristalina, reforçou a importância estratégica da pesquisa. Segundo ele, a inquietação científica surgiu ao perceber que o quartzo da região, um minério nobre, vinha sendo utilizado em atividades de baixo valor agregado, como areia para construção civil. “Buscamos entender até onde esse cristal poderia chegar em aplicações de maior impacto. Já temos resultados sólidos, como a produção de vidros especiais e até o envio de amostras para Murano, na Itália, onde foram confeccionados cristais de alto valor com material de Cristalina”, destacou. O professor lembra ainda que os estudos apontam possibilidades que vão desde fibras ópticas até placas solares, embora alguns desafios de purificação do mineral ainda precisem de mais investimentos. “Cristalina possui um dos maiores depósitos de silício puro do Brasil e do mundo. É essencial que essa riqueza se traduza em desenvolvimento regional e em valor agregado para o país”, afirmou.

Cooperação internacional
A qualidade do quartzo da região também chama a atenção fora do Brasil. Pesquisadores espanhóis que visitaram os depósitos afirmaram que o material goiano supera o utilizado em projetos semelhantes na Europa. Uma segunda missão internacional está prevista para este mês de agosto, quando três cientistas da Catalunha devem retornar a Goiás para aprofundar os trabalhos.
Uma das pesquisadoras estrangeiras pode, inclusive, permanecer por um ano no país, caso seja aprovada uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), desenvolvendo parte de seu doutorado em Goiás.
Mineração com responsabilidade
Apesar do entusiasmo com o potencial tecnológico, André Carlos alerta que os recursos minerais são finitos e devem ser encarados como oportunidade de alavancar o desenvolvimento regional.
“A mineração precisa ser vista como trampolim, não como muleta. Ela vai acabar um dia. O importante é que a riqueza gerada seja investida em alternativas econômicas sustentáveis para a comunidade local”, frisou.
O pesquisador também destacou que a exploração deve seguir a legislação federal e que práticas ilegais, como garimpos clandestinos, precisam ser combatidas. “Garimpo é uma atividade prevista na Constituição. O que é feito fora da lei não é garimpo: é crime”, completou.
Cristalina no mapa da inovação
Com a descoberta e o avanço das pesquisas, Cristalina pode se consolidar como um polo estratégico na cadeia de tecnologia brasileira. Além da possibilidade de atrair indústrias de vidro, a região pode se tornar fornecedora de matéria-prima para setores de alta tecnologia, contribuindo para reduzir a dependência de importações e posicionando Goiás como protagonista no setor mineral e energético.
Crescimento do turismo
Com a descoberta científica e o fortalecimento das pesquisas, o turismo também ganha espaço em Cristalina. O Vale dos Cristais, já consolidado como atração natural do município, tende a se beneficiar da visibilidade em torno do quartzo e do silício. O local alia lazer e conhecimento ao oferecer trilhas ecológicas, mirantes, garimpo artesanal e um memorial dedicado às pedras preciosas da região, atraindo tanto visitantes em busca de contato com a natureza quanto interessados no potencial mineral que dá nome à cidade.
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