Silêncio da ANTT sinaliza possível aumento das passagens no Entorno

Desde fevereiro, o aumento previsto pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para as tarifas dos ônibus do Entorno está suspenso. Foram dois pedidos de suspensão do reajuste de 2,91%, sendo o mais recente válido até 21 de setembro. Como não houve decisão até essa data, os preços podem subir, chegando a R$ 12 em alguns trechos.

Para o usuário, isso representa um impacto direto no bolso: em Águas Lindas (GO), a passagem passaria de R$ 10,85 para R$ 11,15; em Luziânia (GO), de R$ 10,35–11,65 para R$ 10,70–12,05 no trecho até Taguatinga; em Planaltina (GO), de R$ 11,05 para R$ 11,35; e em Valparaíso (GO), de R$ 4,90–8,85 para R$ 5,05–9,15.

O secretário executivo da ANATRIP, Gabriel Oliveira, explicou a situação financeira delicada do transporte:

“A ANATRIP não é a favor da aplicação do reajuste, trabalhamos para que haja a entrada de recursos no transporte do Entorno. Há mais de cinco anos que não entra dinheiro suficiente para pagamento de folha, renovação de frota, entre outros itens. Esse último reajuste, de mais de 2%, é justamente para cumprir obrigações do acordo trabalhista em curso. Mas a preocupação é que provavelmente ele não será aplicado.”

Ele destacou ainda os riscos de atraso na implantação do consórcio interfederativo:

“Se a tarifa não for aplicada, esse recurso teria que vir através do consórcio. Mas se ele também não entra, como ficam os pagamentos dos colaboradores? A posição da ANATRIP é que os trabalhos do consórcio interfederativo saiam do papel o mais urgente possível, para que o serviço não entre em colapso e o passageiro seja o maior prejudicado.”

A criação do consórcio interfederativo da Região Metropolitana do Entorno (CIRME) foi formalizada com um protocolo de intenções assinado pelos governadores de Goiás e do Distrito Federal. O projeto tem como objetivo principal otimizar a gestão do transporte semiurbano, chamado de STRISP, e promover a integração entre municípios goianos e o DF.

Entre as medidas previstas pelo consórcio estão:
• Gestão e fiscalização compartilhada das empresas de ônibus;
• Revisão de rotas e itinerários para melhorar o atendimento;
• Modernização da frota de ônibus;
• Criação de uma política tarifária justa e transparente;
• Possibilidade de firmar parcerias com órgãos públicos e iniciativa privada para investimentos em infraestrutura.

O consórcio terá sede em Brasília, personalidade jurídica própria e revezamento na presidência: Goiás assume os primeiros dois anos e, em seguida, o DF assume por igual período, garantindo gestão compartilhada. O próximo passo envolve aprovação do estatuto, realização de assembleias e assinatura de convênios com a ANTT, garantindo delegação de competências e repasse de recursos.

Segundo a minuta do consórcio, obtida com exclusividade pelo Jornal Opção Entorno, a estrutura prevê sede em Brasília, personalidade jurídica própria e revezamento na presidência: o Estado de Goiás assume a liderança nos primeiros dois anos e, depois, o Distrito Federal assume por igual período. Entre as metas estão a definição de política tarifária justa, revisão de rotas, modernização da frota e integração dos serviços de transporte.

Para o secretário, o consórcio é essencial não apenas para evitar aumento abrupto das tarifas, mas também para assegurar que o transporte continue operando sem interrupções, mantendo empregos e a prestação de serviços à população.

“O sucateamento do sistema é um risco real. Sem tarifas ou recursos do consórcio, os colaboradores não recebem e o transporte pode entrar em colapso”, alertou Gabriel Oliveira.

A expectativa é que, com a implementação do CIRME, os passageiros percebam melhorias concretas no transporte, maior integração entre cidades e tarifas mais equilibradas, fortalecendo a mobilidade da região e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do Entorno do DF.

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