Preso por estuprar e espancar mulher no pilotis retornou de GO ao DF um dia antes do crime
Jovem de 19 anos espanca e estupra uma mulher de 47 anos sob o pilotis de um prédio residencial da 411 Norte. O suspeito foi preso em uma invasão perto da UnB. Dados da SSP mostram que as tentativas de feminicídio no DF, até novembro, superam todo o 2024

Há pouco mais de um ano, Rafael Silva Lima, 19 anos, foi retirado do Distrito Federal pela mãe e levado para Brasilinha, em Planaltina (GO). A justificativa, segundo relatos, era de que o filho “dava muito trabalho”. Na última sexta-feira, porém, Rafael voltou à capital. Menos de 24 horas depois, estuprou e espancou uma mulher de 47 anos sob o pilotis de um prédio residencial da 411 Norte. Ferida, a vítima se arrastou até a área comercial da quadra, onde foi socorrida por populares. Rafael está preso e deve passar por audiência de custódia hoje. Até a última atualização dessa reportagem, a mulher permanecia internada no Hospital de Base.
O estupro e a tentativa de feminicídio chocaram a população brasiliense. Neste ano, até novembro, o número de tentativas de feminicídio já é maior do que o registrado em todo o 2024: 117 ante 102, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF). Os estupros foram 298 até novembro — no ano passado, a SSP registrou 319.

O crime de ontem foi flagrado pelas câmeras do prédio. O registro é de 1h09 da madrugada de ontem e mostra Rafael e a vítima lado a lado. Segundo o delegado Marco Farah, da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), o vídeo é nítido quanto ao ataque do autor. “Ele parte para cima dela, ela o repele, mas ele a derruba ao chão e comete o abuso. Foram 15 minutos de violência”, detalhou. No chão, restaram as marcas de sangue.
O Correio apurou que alguns vizinhos do residencial fecharam as janelas e não acionaram a Polícia Militar. A corporação confirmou que não houve chamado na madrugada. O caso só chegou à Polícia Civil às 5h30, mais de quatro horas depois. A ligação de socorro partiu de uma mulher que teve acesso aos vídeos. A essa altura, a vítima estava no hospital, onde chegou em estado grave.
De acordo com o delegado, ela foi socorrida por populares, que acionaram o Corpo de Bombeiros. A mulher foi levada, inicialmente, ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Depois, transferida ao Hospital de Base. À noite, a informação era a de que o quadro de saúde havia tido melhora.
Prisão
Depois de acionados, os investigadores da 2ª DP identificaram o autor e o encontraram em uma invasão próxima da Universidade de Brasília (UnB), área de moradia de pessoas em situação de rua. No momento da detenção, Rafael ainda usava uma camisinha.
Foram apreendidas, ainda, três pulseiras finas de metal sujas de sangue, uma camiseta e uma bermuda também com marcas de sangue. “Não há dúvidas da autoria do crime. Ele vai responder por tentativa de feminicídio e estupro consumado”, pontuou o delegado. Questionado sobre um possível vínculo entre autor e vítima, Marco Farah informou que isso está sendo investigado, mas, pelas imagens, os dois chegam ao pilotis juntos.
O Correio esteve na invasão onde Rafael mora e conversou com um familiar distante dele. Foi ele quem falou que Rafael mudou-se do DF por estar “dando trabalho”. “Ele voltou ontem (sexta-feira) e já se meteu nessa bronca. Eu já cometi crime, mas nunca nesse artigo (estupro). Agora vai ter que pagar”, disse. Ainda ontem, Rafael foi transferido da DP para a Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), onde passará por audiência de custódia.
Medo
No local onde o crime ocorreu, na 411 da Asa Norte, moradores e comerciantes relataram, na tarde de ontem, que convivem com uma rotina de violência, tráfico de drogas e a presença constante de população em situação de rua. Os moradores afirmam que falta policiamento. Para eles, a área vem sofrendo um processo de abandono.
Sem se identificar, muitos contaram sobre invasões a comércios, roubos e furtos. “Já vi lojas sendo invadidas, e tudo sendo levado do local”, afirmou uma moradora, que preferiu não dizer o nome. Ela também comenta que seu filho foi esfaqueado durante um assalto. “Ele passou aqui em frente e me cumprimentou. Pouco mais de 100 metros adiante, um ladrão o abordou e o esfaqueou para tomar a bicicleta dele”, acrescentou.
Um morador do prédio onde o crime ocorreu disse que o convívio com a criminalidade é recorrente na região. “Muitas pessoas são roubadas aqui. É uma criminalidade sem-fim”, lamentou. “Um amigo meu teve alguns carros arrombados. É uma situação que volta e meia acontece”, afirmou.

Uma comerciante disse que alguns moradores se mudaram por conta da sensação de insegurança. “Uma amiga minha que morava aqui se mudou por conta da violência e dos crimes na região. Ela me disse que não aguentava mais o cheiro das drogas e a violência”, relatou. Segundo ela, quando a polícia é acionada, a recomendação é que os comércios funcionem de grades fechadas. “A sensação que fica é que nós somos bandidos”, desabafou.
A falta de iluminação pública também foi apontada como um dos motivos que contribuem para o aumento da criminalidade na quadra. “Quando a noite chega, fica muito escuro. Isso atrai mais criminalidade e perigos para a região”, disse outra moradora. “Muitas pessoas passam por aqui. Então, a sensação que fica é de muito medo. Você nunca sabe quem está bem-intencionado ou não”, acrescentou.
Perto do prédio onde a mulher foi espancada e estuprada, funciona uma extensa rede de comércio composta por bares e outros estabelecimentos. Comerciantes também relataram que são reféns da criminalidade. “Ficamos com muito medo da presença deles. A gente fica até com receio de negar falar com eles com medo de uma reação violenta”, afirmou a dona de um dos estabelecimentos.
Mais à frente da quadra, onde funcionam os bares, também foi possível ouvir diversas reclamações sobre crimes. Dono de um dos bares, um homem disse que o tráfico de drogas é comum na região. “As pessoas abordam os clientes na mesa oferecendo drogas. É uma angústia muito grande”, disse. Ele também frisa que as pessoas ficam com medo de sair de casa à noite. “A situação aqui é muito difícil. A população fica com muito medo de frequentar os bares à noite por conta da presença criminosa”, disse.
Procurada para comentar sobre a insegurança na região, a Polícia Militar não respondeu até o fechamento desta edição.
Siga ODEMOCRATA no Instagram pelo link www.instagram.com/odemocrata
📰 Leia e veja as melhores notícias do Distrito Federal, entorno de Brasília, Brasil e do mundo 🌎 dando ênfase para notícias regionais 📍 de utilidade pública.
✔️ ANUNCIE CONOSCO
✅ WhatsApp 📱(61)99414-6986
PORTAL DE NOTÍCIAS 📲 ODEMOCRATA
🌎 SEMPRE CONECTADO COM VOÇÊ 🖥️

