Cegos para os flertes

Um olhar. Uma mão no cabelo. O sorriso tímido no canto da boca. Todos esses gestos em vão. De acordo com uma pesquisa da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, pessoas solteiras não conseguem perceber quando estão sendo paqueradas. O estudo sobre paquera, concluiu que tantos homens quanto mulheres não identificam um flerte.

Cinquenta e dois casais de estudantes universitários solteiros e heterossexuais que não se conheciam foram espalhados por salas onde permaneceram por alguns minutos para conversarem a sós, pensando estar participando de um estudo sobre primeiras impressões. Logo após, cada pesquisado respondeu um questionário em que, entre as respostas, tinha de dizer se havia paquerado o seu par e se achava que havia sido paquerado. Somente 36% dos homens conseguiram identificar o flerte, e entre as mulheres apenas 18%.

O professor de estudos da comunicação da Universidade do Kansas acredita que a azaração é um comportamento difícil de perceber. “Se você acha que alguém não está interessado em você, provavelmente está certo. Mas, se alguém estiver, é bem provável que você não tenha percebido”, afirmou ele na publicação do estudo no Communication Research. Para ele, um dos motivos dessa dificuldade é o fato de as pessoas não costumarem mostrar seu interesse de formas óbvias porque não querem se sentir envergonhadas.

Os Brasileiros

A terapeuta familiar  Marta Franco explica que com os brasileiros a percepção de estar sendo paquerado é diferente. De acordo com ela, o clima tropical somado com a cultura e a forma de tratar a sexualidade facilita na hora de identificar um flerte. “Nós somos mais atentos que os americanos. O brasileiro percebe e se relaciona muito, ou seja, a gente sabe quando está sendo ou não. A dificuldade estar em se posicionar e levar um relacionamento adiante”, esclarece.

Marta Franco avalia que o foco na carreira profissional é um dos fatores que influencia para não perceber a paquera, além do envolvimento com outro parceiro. “Se você está em um relacionamento ou largou de um dificilmente também não perceberá os flertes”, alerta. Ela ainda acrescenta, “geralmente quem faz mais a azaração permanece sendo o homem, apesar da conquista feminina na liberdade da paquera”, afirma.

O corpo reage

Na hora de demonstrar interesse em alguém, a linguagem corporal antecede o diálogo entre o casal. Conforme especialistas a sudorese é uma das primeiras manifestações que o corpo usa para transmitir a atração, justamente porque é por meio do suor que a outra pessoa pode perceber os feromônios, o odor natural, e sentir-se atraída.

Outro sinal é a dilatação das pupilas. Quando o ser humano recebe um estímulo agradável, como ver ou conversar com alguém, as pupilas dilatam-se como uma reação fisiológica ao prazer.

A posição do corpo também é um gesto de exibir interesse e um dos mais comuns é colocar as pernas ou pés virados para a pessoa. Além desta reação inconsciente a tendência é arrumar a postura física, estufar o peito e encolher a barriga para exibir uma figura mais esbelta e segura de si. “As mulheres mexem o cabelo quando mostram estar interessadas, é como se ela dissesse involuntariamente que está disposta”, afirma Marta Franco

Tecnologia

 

Com o avanço da tecnologia, a paquera passou por uma transformação. Antes muito feita em bares, praças e festas, hoje as mensagens de celulares e aplicativos impuseram uma nova forma de iniciar um relacionamento.

Um levantamento realizado com quatro mil pessoas que vivem no Brasil, apontou que 52% dos brasileiros que baixam aplicativos de paquera em celulares e tablets, instalam só por curiosidade e 34% somente por diversão. Já 19% querem se relacionar casualmente e 18% usam em busca de um relacionamento sério. Se comparados os resultados entre homens e mulheres, 16% dos homens procuram nos aplicativos um relacionamento sério e, entre as mulheres, o índice sobe para 21%. ( Diário da Manhã – Maria Planalto) edição de André Silva