Após autorização, 32 brasileiros cruzam fronteira entre Gaza e Egito
Deslocamento ocorreu na madrugada deste domingo (12/11) — horário de Brasília. Itamaraty confirmou a informação pelas mídias sociais
Sob acompanhamento do governo federal, o grupo de brasileiros que aguardava permissão de autoridades do Egito, de Israel e da Palestina para sair do território em guerra cruzou a fronteira entre Gaza e Egito, no Portal de Rafah, na madrugada deste domingo (12/11) — horário de Brasília. Em postagem nas mídias sociais, o Palácio do Itamaraty comunicou que, por volta das 5h40, 32 brasileiros e parentes (foto em destaque) entraram em território egípcio, onde foram recebidos pela embaixada brasileira no Cairo, “responsável pela etapa final da operação de repatriação”.
A previsão é que o grupo chegue ao Brasil entre segunda (13/11) e terça-feira (14/11). “Duas pessoas do grupo que constavam da lista original, de 34 nomes, desistiram da repatriação e decidiram permanecer em Gaza”, completou o Itamaraty. Também pelas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou a operação: “Os brasileiros atravessaram a fronteira e se encontram no Egito, de onde virão, em segurança, para o Brasil, na Operação Voltando em Paz”.
Após idas e vindas no processo de negociações, uma lista com nomes de 33 brasileiros e parentes foi aprovada na sexta-feira (10/11) para liberação da saída pelo Portal de Rafah, prevista para aquele dia. Contudo, no posto de segurança da fronteira, eles acabaram impedidos de passar. A decisão se deu em consequência da forte presença militar de Israel ao redor de hospitais em Gaza.
Após cruzar a fronteira, o grupo embarcou em um ônibus fretado pelo governo federal. Depois, seguirá para o Cairo, onde a aeronave VC2, da Presidência da República, aguarda para iniciar o 10º voo de repatriação de brasileiros desde a escalada da crise na região do Oriente Médio.
Quando a aeronave chegar a Brasília, a Operação Voltando em Paz terá transportado 1.477 passageiros e 53 animais de estimação. Três aeronaves da Força Aérea Brasileira e duas da Presidência da República operaram nas atividades de repatriação.
Durante a viagem para o Egito, Hasan Rabee (no canto inferior esquerdo da foto em destaque) gravou vídeos em que narrou o cruzamento da fronteira enquanto estava dentro do ônibus que levou o grupo. “Rezem por nós. […] Estamos saindo da Palestina e indo para o Egito. Esse é o caminho. Não falta muita coisa. Um segundo, um minuto”, detalhou.
Shahed Al-Banna também registrou o momento: “Estão chamando os nossos nomes. Tenho o papel da saída agora”. Ela e Hasan ficaram conhecidos por compartilharem informações sobre a espera pela autorização para saída de Gaza e sobre as restrições na região.
Acolhimento
Após a chegada do grupo, os brasileiros encontrarão as famílias e terão à disposição serviços de abrigo, documentação e alimentação, além de apoio psicológico, cuidados médicos e imunização. Os 32 repatriados ficarão hospedados em Brasília por dois dias.
“Alguns já têm destino, porque têm familiares aqui [no Brasil]; então, serão deslocados para esses locais. Uma parcela significativa, quase a metade do grupo, não tem onde ficar, mas o governo federal disponibilizou, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social, um local onde eles serão acolhidos. Será no interior de São Paulo”, declarou Augusto de Arruda Botelho, secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O secretário mencionou não haver prazo específico para duração desses atendimentos. “Estamos preparados para o tempo que for necessário, para que essas pessoas possam se integrar ao nosso país. Não há prazo-limite fixado. Estamos prontos para recebê-los da melhor forma. Eles ficarão em um local com longa experiência de acolhimento de refugiados, da forma mais completa, mais digna e sem prazo”, acrescentou.
A diplomacia brasileira prestou apoio ao grupo até que recebessem autorização para deixar Gaza. Eles receberam recursos para conseguir alimentação, água potável, gás de cozinha e medicamentos. Pela internet, contaram, ainda, com atendimentos médico e psicológico.
Enquanto não tinha a saída liberada, o grupo ficou em casas alugadas pelo governo federal nas cidades de Khan Yunis e Rafah. O deslocamento deles até a fronteira se deu em ônibus fretados pela representação brasileira em Ramala.
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