Projetos na CLDF e Congresso pedem cancela em cruzamentos de ferrovias

Após acidente com trem que deixou passageira morta e feridos no DF, propostas pedem cancelas em cruzamentos de ferrovias e rodovias

Colisão entre trem e onibus na Estrutural deixa 1 vítima fatal e 5 feridos 2

Propostas de lei protocoladas nos últimos dias tentam evitar casos como a tragédia da morte de uma passageira de ônibus que se chocou com trem em Brasília. Projetos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) e na Câmara dos Deputados pedem a instalação de cancelas em cruzamentos de ferrovias e rodovias.

Dois textos com esse fim foram protocolados a nível distrital e federal. Na CLDF, o projeto é de Joaquim Roriz Neto (PL). O texto busca obrigar a instalação de cancelas nos cruzamentos entre ferrovias e rodovias urbanas em todo o DF.

“Não podemos permitir que tragédias como a de sexta-feira se repitam. O transporte ferroviário é comum em grandes metrópoles pelo mundo e, com ele, o uso de cancelas é uma realidade. Brasília é conhecida pela lei da faixa de pedestres, responsável por reduzir drasticamente o número de atropelamentos, um exemplo para o Brasil. Precisamos aprovar, com urgência, esta lei”, destacou Roriz Neto.

Na Câmara dos Deputados, o federal Alberto Fraga (PL-DF) protocolou um projeto de lei semelhante, que obriga a “passagem de nível com barreira”, nome técnico da cancela, em “vias ou rodovias em áreas urbanas” do país, alterando a Lei das Ferrovias, de 2021.

“Embora a lei seja recente, há tempos essa questão vem sendo objeto de debates, sendo que, atualmente, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) prevê apenas o uso de sinalização como cruz-de-santo-andré, sirene ou semáforo, mas não a cancela, nome popular da passagem de nível com barreira. Na falta desse equipamento, acidentes são relativamente comuns, a gerar resultados graves, normalmente com mortes, como ocorreu recentemente em Brasília.”

O acidente

As câmeras de segurança do ônibus que foi atingido por um trem de carga no Distrito Federal, na última sexta-feira (18/11), mostram o exato momento do acidente, de dentro do veículo. Nas imagens é possível ver quando Júlia de Albuquerque Violato é arremessada do coletivo. O acidente grave deixou seis vítimas, mas somente Julia não resistiu aos ferimentos e morreu na hora, aos 37 anos.

Depois de ter o corpo projetado para fora do ônibus, Julia foi atropelada pelo trem e teve o corpo dilacerado. O velório dela aconteceu no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul, na manhã desta segunda-feira (20/11).

As imagens internas do coletivo mostram, também, o desespero dos passageiros e do cobrador quando percebem que o trem está se aproximando do ônibus. Alguns, incluindo Júlia, correm para o fundo do veículo, onde o impacto acabou sendo mais forte.

Veja:

O caso é investigado pela 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro). A colisão aconteceu próximo ao balão do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), que faz ligação da região com a Cidade do Automóvel. Testemunhas relataram que o trem bateu na traseira do coletivo.

O cobrador do ônibus, Júlio Botelho Fernandes, 28 anos, que também aparece nas gravações, segue internado no Hospital de Base em estado grave. Nas imagens, é possível ver que, com o impacto, ele se chocou violentamente contra a lataria do coletivo no momento da colisão.

Saiba quem são as vítimas:

  • Janderson Rodrigues da Costa, 47 anos, passageiro – Transportado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital de Base de Brasília consciente e orientado. Sofreu escoriações na face e nos braços, mas recebeu alta.
  • Júlia de Albuquerque Violato, 37, passageira – Moradora da Asa Norte, vítima morreu na hora.
  • Júlio Botelho Fernandes, 28, cobrador – Atendido inconsciente e instável. Foi levado para o Hospital de Base de Brasília com traumatismo cranioencefálico grave. Segue internado em estado grave e intubado.
  • Nildete Antunes Vitor, 58, passageiro – Atendida consciente e orientada. Sofreu corte profundo do lado direito da cabeça, fraturas no braço esquerdo e na clavícula direita. Foi levada para o Hospital de Base de Brasília, mas recebeu alta.
  • Passageira de 19 anos, sem identidade divulgada — Transportada pelo Samu para o Hospital Regional de Ceilândia (HRC) sem traumas físicos, mas com crise nervosa. Recebeu alta na sexta-feira (17/11).
  • Pedro Domiense Campos, 42, motorista do ônibus – Está em estado de choque e em crise nervosa, mas não apresenta ferimentos. É acompanhado pela equipe psiquiátrica do Hospital de Base.

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fonte:

CLDF

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