Óculos piratas prejudicam a visão
Artefatos falsos, tanto os de grau como aqueles para sol, representam grande risco à saúde ocular, afirma especialista

Em muitos casos o barato custa caro, em se tratando de óculos – os de grau ou de sol – é preciso ter muito cuidado na escolha do produto. É comum andar pelas ruas do Centro de Goiânia ou em setores comerciais e encontrar camelôs ou lojas de comércio informal vendendo inúmeros modelos de óculos piratas. De acordo com o levantamento do Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNPC), a venda deste produto representa 41% do total de venda de óculos no País.
E o mercado ilegal vem crescendo a cada ano. Esse tipo de mercadoria pirata já corresponde a cerca 10% de tudo que é apreendido pela Receita Federal. Apesar de serem capazes de melhorar a visão momentaneamente, os óculos falsos representam um grande risco para a saúde ocular, tanto por atrasar o diagnóstico de doenças importantes quanto trazer prejuízos diretos aos olhos.
De acordo com o oftalmologista Alexandre Taleb, diretor do Hospital dos Olhos de Aparecida de Goiânia, um dos principais problemas em aderir óculos comprados em camelôs ou lojas de comércio informal é que o usuário deixar de ir ao médico e perde a chance de receber o diagnóstico de doenças graves.
“Ao adquirir óculos piratas você não tem a garantia da qualidade do produto. Muitas vezes as lentes possuem uma propriedade óptica muito ruim. O grau que está escrito no produto não é o mesmo que está nas lentes ou o que você precisa”, alerta o oftalmologista. Ele explica que geralmente os óculos falsos distorcem as imagens provocando dores de cabeça e nos olhos.
Além disso, os óculos são feitos exatamente de acordo com o problema de cada paciente. Toda pessoa tem diferença de grau de um olho para o outros. Os piratas vêm com o mesmo grau para os dois olhos. Conforme Alexandre Taleb, mesmo se a pessoa não tiver uma doença ocular grave, só o fato de passar a usar o produto com grau inadequado pode ser suficiente para causar problemas.
Essa negligência do usuário é o principal motivo pelo qual mais da metade das pessoas que recebem diagnóstico de glaucoma já estão cegas de um olho e têm um prejuízo importante do outro. “A pessoa vai à banca do camelô experimenta um e outro até vê aquele que fica melhor em sua opinião, mas ao fazer isso deixa de ir ao oftalmologista e assim de fazer exames importantes para a saúde ocular, como a pressão do olho”, esclarece Taleb.
Óculos de sol
Alexandre Taleb enfatiza o perigo dos óculos de sol piratas. De acordo com ele, o uso deste produto pode gerar um dano muito maior do que os de grau falso. Isso porque quando uma pessoa usa óculos de sol, a pupila se dilata naturalmente porque o organismo entende que está em um ambiente escuro e então assim facilita a entrada da luz. Se esses óculos não tiverem a proteção adequada contra os raios UVA e UVB, aumenta a chance de degeneração da mácula, região mais sensível da retina, o que pode levar à catarata. Ou seja, usar óculos de sol inadequados é mais prejudicial à visão do que não usar óculos algum.
“É importante o usuário entender que o melhor para a saúde ocular dele é um produto de boa qualidade que possua filtros contra raios ultravioletas, certificação de que bloqueia a gama de radiação nociva e lentes com formato adequado para o sistema ótico do olho”, acrescenta Taleb.
