Consórcio do BRT entre Luziânia e Brasília será formalizado em agosto, e obras começam ainda neste ano, diz secretário

A construção do BRT que ligará Luziânia a Brasília deve, enfim, sair do papel. Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção Entorno, o secretário do Entorno do DF, Cristian Ferreira Viana, anunciou que o consórcio interfederativo entre o Distrito Federal e o Estado de Goiás será formalizado em agosto. Com isso, os recursos para a obra poderão ser liberados e as obras devem começar ainda no segundo semestre de 2025.

“Esse consórcio é o principal instrumento para resolver a mobilidade na nossa região. Ele permitirá que o DF e Goiás invistam juntos e desenvolvam projetos como o BRT, além de tratar de subsídios, tarifas e outros modais. O que antes era travado por limitações entre os governos, agora está sendo destravado”, afirmou o secretário.

A urgência por uma solução de mobilidade é evidente. Estimativas apontam que cerca de 100 mil veículos circulam diariamente pela BR-040, principal via de acesso entre o Entorno e a capital federal, tornando-se uma das rodovias mais congestionadas da região. A sobrecarga afeta diretamente a qualidade de vida dos moradores e reforça a necessidade de um transporte público eficiente.

A integração entre os entes federativos sempre foi um entrave para a realização de grandes obras de infraestrutura no Entorno. Com a criação do consórcio, esse cenário começa a mudar. O modelo permitirá a atuação conjunta dos governos do DF e de Goiás em temas de interesse comum, especialmente na área de mobilidade urbana.

“O processo está bem adiantado. Já há um entendimento entre os dois governos. Assim que a União se manifestar, o consórcio será formalizado e os recursos poderão ser utilizados para iniciar a construção do BRT. Isso deve acontecer ainda neste segundo semestre”, explicou Viana.

O consórcio funcionará como uma nova entidade pública, com autonomia administrativa para gerenciar projetos, receber recursos, firmar contratos, contratar obras e operar serviços. Essa estrutura elimina o impasse jurídico que, por anos, impediu que um ente federativo atuasse em território de outro, mesmo quando a população seria diretamente beneficiada.

Cristian Viana também destacou que a articulação ganhou força a partir de fevereiro, quando os governos do DF e de Goiás atuaram em conjunto para impedir o reajuste das tarifas de ônibus que ligam o Entorno a Brasília. Desde então, as tratativas para a criação do consórcio avançaram rapidamente.

“O protocolo de intenções já está alinhado. Agora, aguardamos a manifestação formal da União, que deve definir como participará — seja com recursos, infraestrutura ou apenas com a autorização para que o consórcio interfederativo possa operar as linhas hoje reguladas pela ANTT”, explicou o secretário.

A suspensão do reajuste das passagens está garantida até o fim de agosto, tornando esse período decisivo para a formalização do consórcio e a liberação dos investimentos. Para Viana, o momento exige união e agilidade.

“O consórcio cria uma nova entidade com participação dos dois governos. Isso destrava os investimentos e permite iniciar as obras rapidamente. Sem esse modelo, um governo não pode investir no território do outro. Com o consórcio, isso se resolve”, completou.

A expectativa é que a formalização em agosto marque o início efetivo das obras do BRT no segundo semestre. O projeto representa um avanço significativo para a mobilidade no Entorno, beneficiando não apenas os moradores de Luziânia, mas milhares de trabalhadores que enfrentam longas jornadas de deslocamento diário até Brasília. Para essa população, o BRT simboliza mais do que agilidade: representa dignidade e qualidade de vida.

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