Dificuldade no acesso a Farmácia de Alto Custo
Pacientes relatam falta de remédios essenciais. Auditoria do GDF apontará situação de contratos
O novo Governo do Distrito Federal tem de enfrentar, entre os desafios que dizem respeito à saúde pública, a escassez de remédios da Farmácia de Alto Custo. Sem medicamentos essenciais para a sobrevivência, pacientes se desdobram para não ter a saúde agravada. Em outros casos, quando há o medicamento, não há na quantidade prescrita. A Secretaria de Saúde afirma que está se mobilizando para normalizar a situação.
Uma das medidas tomadas pela pasta é a criação do Comitê Situacional de Risco, que terá entre as atribuições a realização de um levantamento e auditoria de todos os contratos em andamento.
A dona de casa Renata Pain, 32 anos, sofre de Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP). A paciente foi diagnosticada em outubro de 2013 com o quadro 4, estágio mais grave da doença. Ela é uma das usuárias do serviço da farmácia do governo, mas está há um mês sem conseguir obter o medicamento.
Moradora do Paranoá, Renata relata que tanto ela quanto o pai tentaram retirar o remédio Bosentana. “Há duas grandes dificuldades. A primeira é que não podemos encontrá-lo em qualquer farmácia. Para piorar, o valor de uma caixa chega a quase R$ 3 mil”, lamentou.
Renata recorreu às redes sociais para tentar resolver o problema. “Busquei grupos de portadores de HAP para ver se conseguia alguma doação. Estou esperando uma caixa de uma mulher que mora no Paraná. Ela irá me emprestar para eu continuar o tratamento”, explicou a paciente.
A dona de casa alerta que, sem tomar a medicação, o seu quadro pode se agravar. “De acordo com o médico, posso voltar a sentir sintomas que tinha antes do diagnóstico: muito cansaço por pouco esforço e desmaios”, relatou.
Esquizofrenia
Renata não é a única a enfrentar problemas ao buscar a Farmácia de Alto Custo. A aposentada Julinda Rodrigues de Jesus, 71, frequentemente precisa retirar medicamentos para o sobrinho, que sofre de esquizofrenia. Ela afirma que após o remédio ter sido trocado, devido à falta constante, tem problemas em obter a quantidade prescrita pelo médico.
“O psiquiatra dele nos orientou a pegar, por mês, três caixas do novo medicamento que ele toma. Em dezembro não conseguimos retirar nenhuma. Hoje, tem o remédio, mas só me deram uma”, conta.
A aposentada reforça que o remédio é essencial para o tratamento do sobrinho: “A medicação controla a ansiedade dele. Uma única caixa chega a R$ 950”.
Déficit não atinge todos os remédios
(Fonte: Jornal de Brasília) edição de André Silva