Governo ganha “sobrevida” após votação de vetos, apontam líderes partidários

(Ilustração:Nilton Magalhães/Fato Online)
(Ilustração:Nilton Magalhães/Fato Online)
A manutenção dos principais vetos da presidente Dilma Rousseff, inclusive o relacionado ao reajuste de até 78% aos servidores do Poder Judiciário, nas sessões do Congresso Nacional realizadas na terça-feira (17) e na última quarta-feira (18) garantiu uma sobrevida ao governo federal, conforme líderes partidários da base e da oposição ouvidos por Fato Online.
Nos últimos dois meses, o governo vinha anunciando que a votação dos “vetos-bomba” seria o teste de fogo para a sua base no Congresso. Afinal, a derrubada dos vetos teria um impacto de R$ 63 bilhões nas contas do governo nos próximos quatro anos. Se a presidente Dilma não tivesse apoio nessa hora, seria difícil tocar o seu governo por mais três anos e pouco.
Ainda pesam nos ombros da presidente o possível processo de impeachment, o julgamento das contas relativas a 2014 pelo Congresso e o julgamento das suas contas de campanha no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Mas ela venceu uma etapa no Congresso. As bombas não passaram de um traque.
Apesar disso, a manutenção destes vetos não significa, necessariamente, que houve uma recomposição da base aliada. Os congressistas ouvidos afirmam que ainda é cedo para se avaliar como positivas algumas mudanças feitas pelo governo nos últimos meses. Mas apontam que a entrada do ministro Jaques Wagner na Casa Civil, por exemplo, ajudou a melhorar a articulação política do Palácio do Planalto.

A infidelidade

Durante a votação do veto presidencial ao reajuste aos servidores do Judiciário, 106 deputados dos 10 maiores partidos que fazem parte da base aliada votaram contra o governo. Durante a sessão do Congresso, 251 deputados votaram contra a decisão da presidente Dilma Rousseff e 132 se manifestaram a favor. Eram necessários 257 votos contra o veto para que ele fosse derrubado. Já nesta quarta-feira, o governo não conseguiu manter o veto presidencial ao Projeto de Lei de autoria do senador José Serra (PSDB/SP) que permite a estados e municípios sacarem até 70% dos depósitos judiciais e administrativos.
Os líderes partidários, inclusive da oposição, afirmam que não podem avaliar a real força da base governista porque os vetos tinham relação direta com o ajuste de contas. Até mesmo alguns integrantes da oposição admitem que, para vários deputados, pesou mais a austeridade das contas públicas do que, necessariamente, a disputa política.
A questão agora é como será “cobrado” o desgaste político de cada deputado em relação a manutenção dos vetos presidenciais. Vários deputados da base admitem que votaram contra o governo simplesmente pelo receio de ser “mal visto” por suas bases partidárias e isso, também, pesou na infidelidade de vários parlamentares. Na prática, tanto integrantes da base quanto da oposição admitem que o governo começa a enxergar “uma luz no fim do túnel” depois da votação dos vetos presidenciais desta semana.
“O veto dos servidores do Judiciário foi um veto ‘especial’. Havia muito voto definido por conta de compromissos de cada parlamentar. Existe sim um indicativo de uma melhora na base”, disse o líder do PSD na Câmara, deputado Rogério Rosso (DF). “A perspectiva do Brasil estar tão próximo do abismo e do fundo do poço contribuiu para que vários parlamentares cuidassem mais dos interesses das contas públicas do que, necessariamente, da sua fidelidade à presidente Dilma. A verdade é que a liderança dela ainda está em cheque”, declarou o líder da minoria na Câmara, Bruno Araújo (PSDB/PE).
Até o final do ano, o governo espera ter mais desafios, e um deles diz respeito à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU). A expectativa é que, na Câmara, a PEC deve ser votada até o final do ano. No Senado, a tramitação deve ocorrer somente no ano que vem.
Fonte: Fato Online

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