Gravações de Estevão: inventário de 20 anos de corrupção no DF
As conversas entre Luiz Estevão e a deputada distrital Liliane Roriz (PTB) revelam segredos de mais de duas décadas de atuação do senador cassado no submundo da política de Brasília. No áudio, entregue ao Ministério Público Federal, há menções à captação de recursos com empresários envolvidos em CPI, dinheiro transportado em malas, e remessas ilegais para contas no exterior. Sem saber que estava sendo gravado, o empresário, atualmente preso na Papuda, faz revelações sobre negociatas com o ex-governador Joaquim Roriz e licitações fraudadas a fim de beneficiar empresas de seu grupo.
Além de confessar que tinha conhecimento da origem ilícita dos recursos captados por Gim Argello com empreiteiras investigadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras, Luiz Estevão abre o jogo sobre outros esquemas. O empresário dá a entender à distrital Liliane Roriz que ajudou o pai da parlamentar a receber e distribuir recursos ilegais. Estevão conta bastidores da CPI do Orçamento, em 1993.
Conchavo
Em depoimento, José Carlos afirmou que o ex-governador teria comparecido à casa de João Alves, idealizador do esquema, acompanhado por alguns deputados, a fim de realizar acertos no orçamento da União. Roriz teve os sigilos bancário e fiscal quebrados. A investigação resultou na descoberta de dois depósitos suspeitos nas contas do político. À época, Joaquim Roriz declarou que o repasse de U$S 1,6 milhão era fruto de atividades empresariais e os U$S 150 mil decorriam da venda de 500 cabeças de gado. Outro ponto marcante das investigações concentrou-se na descoberta do depósito de valores para sete deputados distritais entre 1989 e 1992. De acordo com Roriz, as transações consistiam em empréstimos pessoais. Os repasses de U$S 7,6 mil foram realizados pelo então capataz de uma das fazendas do ex-governador, Valdivino Pinheiro. Como justificativa, o ex-político alegou que o homem tinha dinheiro em conta para administrar os negócios rurais.