Hoje é o dia de sentir os efeitos do horário de verão

horario de verão - Data:16-10-2016 Foto: Myke Sena

Acordar na hora para trabalhar no primeiro dia do horário de verão não é tarefa fácil. No caso de Lucier Irala, de 67 anos, o som do despertador não foi suficiente: ele voltou a dormir e chegou atrasado, na manhã de ontem, no quiosque que gerencia. “É uma semana para me adaptar”, estima. Amada por uns, odiada por outros e indiferente para tantos, a mudança no relógio, implementada pela primeira vez no Brasil em 1931, permanecerá até o dia 19 de fevereiro. Hoje, o desafio de despertar começa para a maioria dos brasilienses.

“Às vezes gosto de acordar cedo, às vezes não”, revela Iago, de oito anos. “É bom, porque aproveita mais o dia”, emenda. O garoto, que estuda pela manhã, até dá trabalho ao pai para levantar da cama. Em compensação, tem uma hora a mais para se divertir. “Para a gente faz diferença, sim. Chego do trabalho às 18h30 e, com o novo horário, temos mais tempo de lazer, juntos, com a luz do sol”, conta o pai Paulo Onofre, militar, de 44 anos. Essa semana, diz, será crucial para a adaptação da família.

Como um bom ciclista, Robson Taveira, militar, de 42 anos, também prefere o horário de verão. “Quem pedala geralmente não gosta de cama, gosta é de sair mais cedo para evitar o sol”, explica. Às 6h, ele deixou sua casa, no Paranoá, rumo ao Parque da Cidade. À noite, ainda ganha cerca de uma hora para pedalar com mais segurança sob a luz do dia. “Para ciclista é só vantagem”, resume.

Luminosidade

A mudança acontece para aproveitar melhor a luminosidade do dia nesta época do ano, estimulando a redução do consumo de energia nos horários de pico (compreendido entre 18h e 21h) e evitando o uso de energia gerada por termelétricas, que é mais cara e mais poluente do que a gerada pelas hidrelétricas.

Nem todo mundo, porém, gosta da mudança. “Para quem acorda cedo para trabalhar é complicado. Com tanta insegurança, sair de casa ainda escuro é mais perigoso. Não gosto”, justifica a secretária Márcia Araújo, de 37 anos. Ela precisa sair de casa, em Ceilândia, às 6h. “O tempo que vou economizar em energia à noite, gasto pela manhã”, critica. Em compensação, diz, fazer exercícios com um fim de tarde iluminado é mais seguro.

Um estudo realizado no Brasil concluiu que o corpo humano precisa de ao menos 14 dias para se adaptar totalmente ao horário de verão. Enquanto essa adequação não ocorre, são comuns problemas como falta de atenção, de memória e sono fragmentado. “Quando a gente começa a se adaptar, acaba”, reclama a aposentada Ephigênia Neves, de 85 anos. Ela garante que, em casa, a medida não faz tanta diferença. Mesmo assim, diz que não gosta da mudança do relógio: “Quem acorda cedo tem que levantar mais cedo ainda, como meu filho”.

Medida baixa o consumo em 3% apenas

No ciclo passado do horário de verão, que começou em 2015 e terminou este ano, a demanda máxima por energia no horário de pico reduziu 3% (cerca de 35 megawatts). Segundo a Companhia Energética de Brasília (CEB), esse valor equivale a um alívio no carregamento do sistema correspondente à carga do Gama no mesmo intervalo de tempo.
Em todo o Brasil, o Ministério de Minas e Energia informou que, nos últimos dez anos, a medida tem possibilitado uma redução média de 4,5% na demanda por energia no horário de maior consumo e uma economia absoluta de 0,5%, o que equivale, em todo o período do horário de verão, aproximadamente ao consumo mensal de energia do Distrito Federal com seus 2,8 milhões de habitantes.

Expectativa

A expectativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico é que, neste ano, a medida gere uma economia de R$ 147,5 milhões. O valor é referente ao custo evitado em despacho de usinas térmicas por questões de segurança elétrica e atendimento à ponta de carga no período de vigência do horário de verão.

Saiba mais

No Brasil, o horário de verão tem sido aplicado desde 1931 nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde o consumo é maior e os melhores resultados são alcançados.

Na América do Sul, além do Brasil, adotam o horário de verão o Paraguai e o Chile. Moradores de países da América Central, como Cuba, Bahamas e Bermudas, também adiantam seus relógios, assim como os habitantes da América do Norte (EUA, Canadá e México).

Na Europa, com exceção de Islândia, Ucrânia e Belarus, todos os países adotam o horário de verão. O horário também é adotado na Ásia (Chipre, Irã, Israel, Jordânia, Mongólia, Líbano e Síria), na Oceania (Austrália, Nova Zelândia, Samoa e Fiji) e na África (Saara Ocidental, Marrocos e Namíbia).

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