Sucessão da Câmara Legislativa do DF em clima de confronto

Enquanto o Palácio do Buriti patina na articulação política, o veterano Tadeu Filippelli atua nos bastidores. E pode garantir a vitória do deputado Joe Valle (PDT), em detrimento do candidato do governador Rodrigo Rollemberg, Agaciel Maia (PR), na disputa pela presidência da Câmara Legislativa. Doze votos estão na conta do chefe do Executivo como garantidos. Pelo menos outros dois estão na mira do Buriti, mas uma manobra via partido pode garantir a vitória da oposição e dos insatisfeitos.
Tem partido da base reclamando da falta de atenção de Rollemberg, que não teria se dado ao trabalho de ligar para as executivas pedindo apoio. Esta pode ser a justificativa perfeita para que os comandos das agremiações resolvam determinar o voto de parlamentares.
Até a noite de ontem, o nome de Joe não havia sido sacramentado pelo grupo de Filippelli, embora a tendência fosse de confirmação. Wellington Luiz (PMDB) disse reconhecer que o pedetista aglutina mais apoio. “Tem deputado que tem dificuldade em votar em um deputado de oposição. Ninguém é mais duro com o governador do que eu”, disse Wellington, pouco antes de se reunir pela última vez com o grupo, na noite de ontem.
As negociações, no entanto, devem durar toda a manhã de hoje, pelo menos. A eleição está marcada para 10h e as inscrições de candidatos abrem logo após do início da reunião, que precede o último dia de votação da Casa.
Nota
Uma nota assinada por Reginaldo Veras (PDT) , Chico Leite (Rede) e Cláudio Abrantes (Rede) indicava, ontem, que Israel Batista (PV) não fecharia com o restante do bloco. No texto, eles reiteram o compromisso com a candidatura de Joe, indicando que não apoiariam outro postulante ao cargo, o que deixou Sandra Faraj (SD) sem chance de disputar a preferência do grupo.
Ela virou alvo do Buriti, assim como Liliane Roriz (PTB), cuja presença não estaria confirmada na sessão de hoje, e os deputados investigados pela Operação Drácon. Simpatizantes da candidatura de Agaciel defendem que a nota do bloco Sustentabilidade e Trabalho ameaça cinco parlamentares – quatro deles já estariam fechados com Joe – porque, no texto, mencionam a reconstrução da “confiança nas instituições públicas”, que soou como advertência.
Base aliada e oposição misturadas
Rollemberg tem se ocupado das articulações pessoalmente, nos últimos dias. Ontem, os deputados do PSB declararam apoio público a Agaciel, no Plenário da Câmara Legislativa, embora o deputado do PR ainda não tenha formalizado a candidatura.
A deputada Luzia de Paula discursou em nome do partido do governador, manifestando o apoio à candidatura de Agaciel para comandar a Casa pelos próximos dois anos.
A bancada do PT também ocupou a tribuna para declarar o voto. O porta-voz – deputado Chico Vigilante – garantiu que o partido fechou aliança com o candidato do Buriti e indicará Ricardo Vale para a vice-presidência. Os deputados petistas enfrentaram até a executiva regional da legenda, que aponta mais coerência no apoio à candidatura de Joe Valle.
O fato de Agaciel ser do partido do ex-governador José Roberto Arruda e ter na bancada um ferrenho opositor – Bispo Renato – tem incomodado a algumas legendas. Nem todos entendem por que o governador resolveu apoiar Agaciel, em detrimento de Joe, que é do PDT, partido que faz parte da aliança que elegeu Rollemberg governador.
O que se sabe, até agora, é que a eleição para o comando da Casa – a mais acirrada de todos os tempos – deve revelar um pouco do que se deve esperar da disputa de 2018.
