Ações levam patrimônio do Gama
Em dificuldade financeira, o clube mais popular do DF apelou nos últimos anos aos imóveis em seu nome para ter fôlego financeiro e montar bons times nas competições. Se esportivamente deu certo ou não, cabe uma reflexão, mas o fato é que a fonte secou. Dos 56 apartamentos, “o Gama não ficou com nenhum”, conforme atesta o advogado do Periquito, Wendel Lopes. Vinte e quatro estão envolvidos em negociação na Justiça e outros 32 teriam sido vendidos pelo time alviverde.
Dois processos no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) expõem o caso judicial entre o clube e a empresa Gol Publicidade e eventos esportivos – do ex-presidente do clube, Wagner Marques. O primeiro é datado de 3 de outubro de 2012. O segundo em 8 de junho deste ano.
No processo inicial, mais de R$ 1,8 milhão foi cobrado, além da penhora de 9 apartamentos (de números 1004, 1103, 1203, 1506, 1405, 1704, 1803, 1605 e 1304). No segundo, 15 unidades foram repassadas a antigos dirigentes: 11 para Wagner Marques e 4 para Agrício Filho (ex-dirigente). A causa do último documento ficou estipulada em mais de R$ 350 mil.
Ao total, o então presidente Wagner Marques emprestou ao clube quantia aproximada de R$ 3 milhões. Valor que cobra na justiça com juros e correção monetária. A reportagem do Jornal de Brasília teve acesso aos dois processos.
Os apartamentos do recente processo são uma forma de negociar a compra do CT – alugado – em que o clube treina, embora esteja em nome de Wagner Marques. Os imóveis são destinados a empresa Wagner Marques Construções Incorporações e Participações Ltda.
O atual presidente do clube, Weber Magalhães, esclarece o acordo feito para quitar o débito. “Zeramos a pedra”. Foi feito um acordo para pagar 2/3 do montante, numa espécie de desconto por meio dos apartamentos.
O ex-presidente Wagner Marques esclarece a cobrança do valor. “O processo é normal. Eu simplesmente fiz um empréstimo ao clube, nada demais”, esclarece.
Torcida reclama falta de informação
No último dia 18 de junho, torcedores do Gama se reuniram em frente ao Bezerrão para ouvirem esclarecimento de membros da atual diretoria sobre as ações judiciais contra o clube.
Os integrantes da diretoria falaram da veracidade dos fatos e esclareceram que o principal embaraço jurídico é em relação à dezenas de apartamentos – do empreendimento Flex Gama – adquiridos com a venda do terreno que pertencia ao time. “O advogado do clube não foi muito claro na última reunião, com uma linguagem superficial que não nos esclareceu nada. O clube não é transparente, está virando um balcão de negócios”, protesta o torcedor Francisco Sales.
Vice-presidente e responsável pelas questões financeiras, Arilson Machado tenta tranquilizar os torcedores. “O Gama não está em crise e as finanças não estão a perigo. Nunca recebemos nada por conta do empreendimento habitacional Flex Gama”, afirma.
Vale lembrar que – segundo informações do site da construtora – o residencial possui 61 a 72 m² de área privativa, com 2 a 3 dormitórios. O valor de cada unidade estaria avaliado em cerca de R$ 250 mil.