Anfavea quer sistema flex fora do acordo com Argentina
A Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea) informou ao governo que não aceita o retorno do sistema “flex” na renovação do acordo automotivo com a Argentina. Desde julho do ano passado, vigora o livre comércio entre os dois países. O presidente da entidade, Luiz Moan, disse à reportagem que entregou ontem ao ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) uma proposta de renovação do acordo, que vence em 30 de junho, por mais dois anos e nos termos atuais. Durante esse período, poderá ser discutida a base de um novo acordo.
Na semana passada, o ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges, informou que o acordo automotivo Brasil e Argentina seria prorrogado provisoriamente por um ano com a volta do sistema “flex”, que prevê uma contrapartida em importações da Argentina pelo Brasil para que possa exportar sem tarifa. Até o meio do ano passado, o índice era de 1,95. Ou seja, para cada US$ 1 milhão em veículos argentinos que entram no Brasil, as montadoras brasileiras teriam direito a exportar US$ 1,95 milhão à Argentina sem incidência de imposto de importação.
O acordo venceu no final de junho de 2013 e foi prorrogado por mais um ano sem limitação de comércio. A Argentina quer voltar com o sistema “flex”, mas com um índice menor de 1,30. A Anfavea considera o retorno do flex um recuo nas negociações.
Moan também entregou ao MDIC as sugestões do setor para a integração produtiva entre os dois países, uma das exigências dos argentinos para liberar as exportações brasileiras. O presidente da Anfavea, no entanto, preferiu não revelar as propostas. “O MDIC está avaliando nossa proposta para ver se é compatível ou não com a negociação com a Argentina”, disse. “Nós queremos um acordo construtivo e factível e não com imposição que o setor privado não possa cumprir”, afirmou.
A reportagem apurou que a Anfavea não quer se comprometer com metas para aumentar as importações de autopeças da Argentina. Buenos Aires quer um cronograma que garanta o aumento das vendas para o Brasil. Os dois governos fixaram algumas diretrizes para tentar manter o nível de participação do comércio bilateral pelo menos no mesmo patamar de 2013. Essas metas foram submetidas aos setores privados dos dois países. A proposta visa aumentar as compras dentro do bloco e evitar importações de países que não pertencem ao Mercosul. A Anfavea entregou ao MDIC suas restrições à imposição de metas.
Novas reuniões entre governo e montadoras acontecerão nas próximas semanas para fechar a proposta que será levada aos argentinos no final do mês. O governo argentino já sinalizou com a regularização do fluxo de comércio e de pagamento das exportações brasileiras para avançar nas negociações. (Por: O Estado de Minas)